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sábado, 02/08/2025

Terras Raras: Entenda o Interesse dos Estados Unidos

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Em meio a uma crise diplomática entre Estados Unidos e Brasil, o interesse norte-americano está voltado para os minerais críticos estratégicos brasileiros, especialmente as chamadas terras raras. Por sua vez, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reforçou que os minerais estratégicos do Brasil, como o lítio e o nióbio, precisam ser protegidos pois “são do povo brasileiro”.

“Temos todo o nosso petróleo para proteger. Temos todo o nosso ouro para proteger. Temos todos os minerais valiosos que querem para proteger. E ninguém põe a mão aqui. Este país é do povo brasileiro”, declarou Lula em 24 de julho.

De acordo com o Ministério de Minas e Energia, o Brasil detém a segunda maior reserva mundial de terras raras, representando 25% do total global.

Importância das Terras Raras

As terras raras consistem em 17 elementos essenciais para muitos produtos tecnológicos modernos, desde smartphones até televisores e LEDs. Embora usadas em pequenas quantidades, sua substituição é inviável.

O uso principal desses elementos ocorre na fabricação de ímãs permanentes, que são poderosos, duráveis e mantêm propriedades magnéticas por décadas. Esses ímãs permitiram o desenvolvimento de peças menores e mais leves, fundamentais em turbinas eólicas e veículos elétricos.

Além disso, as terras raras são indispensáveis para a indústria de defesa, estando presentes em aviões de combate, submarinos e equipamentos com telêmetros a laser, conferindo alto valor comercial a esses minerais.

O preço por quilo de neodímio e praseodímio, os elementos mais usados em ímãs, gira em torno de 55 euros (R$ 353), enquanto o térbio pode ultrapassar 850 euros (R$ 5.460), uma diferença significativa em relação a outros minérios como o ferro, que custa cerca de R$ 0,60 por quilo.

Localização das Reservas no Brasil

O território brasileiro possui vastas reservas estratégicas, incluindo nióbio, lítio, grafite, cobre, cobalto, urânio e terras raras, recursos fundamentais para as mudanças tecnológicas e energéticas atuais.

Além das reservas naturais, o Brasil oferece vantagens importantes, como matriz energética limpa, estabilidade territorial, tradição na mineração e expertise técnica.

Estudos identificaram potenciais reservas na Bacia do Parnaíba, abrangendo os estados do Maranhão, Piauí e Ceará, e em Minaçu, Goiás, onde existem depósitos de terras raras em argila iônica. Essa última é a única região que produz minerais estratégicos comercialmente fora da Ásia.

O país reivindica ainda a Elevação do Rio Grande, uma formação submersa do tamanho da Espanha, localizada a cerca de 1.200 km da costa do Rio Grande do Sul, que pode ser reconhecida como extensão natural do território nacional. Pesquisas da USP revelam que o solo da região tem similaridade geológica com o interior paulista e é rico em minerais estratégicos.

Interesse dos Estados Unidos

Com o impasse tarifário, o governo dos Estados Unidos manifestou interesse em garantir o acesso aos minerais estratégicos brasileiros.

O encarregado de negócios da Embaixada dos Estados Unidos, Gabriel Escobar, reuniu-se com representantes do Instituto Brasileiro de Mineração em 23 de julho, reiterando o desejo norte-americano por acordos para aquisição desses minerais.

Raul Jungmann, presidente do Ibram e ex-ministro da Defesa e da Segurança Pública, afirmou que Escobar confirmou esse interesse em encontros anteriores, com expectativas de que o tema possa influenciar negociações sobre tarifas.

O presidente Lula criticou publicamente esse interesse, afirmando que “aqui ninguém põe a mão”, ressaltando a soberania nacional sobre os recursos.

Os Estados Unidos também demonstraram interesse em minerais estratégicos para apoiar financeiramente a Ucrânia no conflito com a Rússia, por meio de um acordo visando à exploração conjunta de lítio, titânio, grafite e urânio — buscando fortalecer a economia ucraniana e diminuir a dependência ocidental da China.

Preocupações com o Monopólio Chinês

A maior parte da produção mundial de terras raras é dominada pela China, tanto na extração quanto no refino, especialmente na mina Bayan Obo, que supera grandes depósitos como os da Austrália e Groenlândia.

Esse controle chinês gera preocupação nos Estados Unidos e na União Europeia, que importam entre 80% a 100% desses elementos, dependendo do tipo. Para combater essa dependência, essas potências começaram a formar reservas estratégicas próprias.

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