Roberto Campos Neto ainda afirmou que estudos sobre o tema começaram em 2017 e que é necessário um decreto presidencial para mudar regra
“Ter uma meta contínua de inflação gera mais eficiência”. A afirmação é do presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, e foi feita nesta quinta-feira, 29, durante a coletiva sobre o Relatório Trimestral de Inflação. Segundo ele, a autoridade monetária iniciou, 2017, estudos para aperfeiçoar o regime vigente no país.
“O aperfeiçoamento em mudar as metas de inflação tem que mostrar que fazer a convergência da inflação para a meta deve ter o mínimo de custo para a sociedade”, disse.
A afirmação de Campos Neto é importante e relevante, já que o Conselho Monetário Nacional (CMN) se reúne nesta tarde para debater a meta de inflação de 2026 e reavaliar os objetivos de 2024 e 2025. A tendência, segundo técnicos da equipe econômica ouvidos pela Exame, é de que o colegiado fixe um objetivo contínuo de 3% para todos os anos, sem prazo definido para atingi-lo.
Atualmente, o BC persegue metas anuais, o que força a autoridade monetária a definir juros mais latos para cumprir o objetivo dentro do prazo. Com mais tempo para atingir a meta, o BC poderia projetar a redução da inflação em horizontes mais largos. Para essa reunião do CMN, discute-se fixar esse período maior, de 18 meses, 24 meses, ou sem prazo definido. Um decreto presidencial será editado com as novas regras, a partir das sugestões do colegiado.
Porta aberta para queda de juros
O presidente do BC ainda disse que qualquer proposta para aumentar a meta de inflação pode ter um efeito genuíno de produzir a convergência da inflação, mas, na prática, gera o efeito inverso, com aumento de expectativas. Campos Neto ainda esclareceu o que queria sinalizar com o comunicado do último Copom.
“A gente não vê que teve uma incoerência [na comunicação do BC]. A gente entende que o comunicado tinha deixado, na nossa opinião, a porta aberta [para a queda de juros em agosto]. Eu vejo que teve bastante ruído em torno disso”, disse.