A escalada do conflito entre Israel e Irã trouxe mais dúvidas e perigos para o cenário político mundial já instável, segundo o relatório do Indicador de Comércio Exterior (Icomex), divulgado nesta terça-feira, 17, pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV). Essa situação se soma às tensões geradas pelo aumento de tarifas anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
De acordo com a FGV, o acordo fechado entre Estados Unidos e China em 10 de junho não elimina as incertezas sobre o futuro do comércio mundial relacionadas ao governo Trump. O documento destaca que as tarifas são usadas pelo governo norte-americano como ferramenta de negociação para atingir outros objetivos. A China é um dos poucos países com força para enfrentar as exigências dos Estados Unidos.
Para o Brasil, a FGV observa que a permanência da tarifa de 10% sobre produtos importados e de 50% sobre siderurgia e alumínio é um cenário negativo. A reversão dessas tarifas depende não só das negociações brasileiras, mas também da pressão da indústria americana, que utiliza produtos siderúrgicos brasileiros devido à escassez no mercado dos Estados Unidos. O pior cenário seria se Trump usasse as tarifas para ganhar vantagens em outras áreas, como exploração de minerais estratégicos ou pressionar o Brasil em investimentos e importações chinesas.
Em maio, a balança comercial do Brasil teve um superávit de US$ 7,2 bilhões, valor US$ 1,1 bilhão menor que o de maio de 2024. No período de janeiro a maio, o superávit somou US$ 24,4 bilhões em 2025, contra US$ 35,2 bilhões no mesmo período de 2024.
O crescimento das importações, que totalizaram US$ 112,5 bilhões de janeiro a maio, enquanto as exportações chegaram a US$ 136,9 bilhões, explica a redução do saldo positivo. O Icomex aponta ainda que a queda no superávit é influenciada pela redução do saldo comercial com a China, que caiu de US$ 18,6 bilhões para US$ 8,3 bilhões no período considerado.
Além disso, o déficit brasileiro no comércio com os Estados Unidos aumentou de US$ 226 milhões para US$ 1,04 bilhão, enquanto a Argentina contribuiu positivamente, passando de déficit para superávit no comércio com o Brasil.