Em lançamento do programa para a implantação de escolas cívico-militares, nesta quinta-feira (5/9), no Palácio do Planalto, o presidente Jair Bolsonaro defendeu a imposição dessas instituições educacionais para os estudantes. Para ele, é importante fazer isso para que, no futuro, os alunos não sejam dependentes “até morrer” de programas sociais. O trecho da declaração foi feito ao se dirigir ao governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), presente na reunião.
O presidente fez referência a Ibaneis, que propôs a adoção da militarização em algumas escolas. “Temos aqui a presença física do nosso governador do DF, Ibaneis. Parabéns, governador, com essa proposta. Vi que alguns bairros tiveram votação e não aceitaram. Me desculpa, não tem que aceitar, não. Tem que impor”, sustentou. O chefe do Executivo federal associou as unidades cívico-militares como instituições capazes de oferecer um ensino melhor aos estudantes.
Se aquela garotada está na quinta série, está na nona série e, na prova do Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes) não sabe uma regra de três simples, não sabe interpretar um texto, não responde a uma pergunta básica de ciência, me desculpa, não tem que perguntar para o pai, irresponsável, nesta questão, se ela quer ou não uma escola, de certa forma, com militarização. Tem que impor, tem que mudar”, destacou.
O presidente insinuou, ainda, que, com uma instrução educacional melhor fornecida pelas escolas cívico-militares, os alunos poderão vislumbrar melhores perspectivas de emprego e renda, a fim de não ficarem dependentes de programas do governo. “Nós não queremos que essa garotada cresça e, no futuro, seja um dependente ‘até morrer’ de programas sociais do governo”, analisou.
Em agosto, o Governo do Distrito Federal (GDF) promoveu eleições em algumas escolas para a sociedade votar a favor ou contra a militarização em unidades de ensino. Nas instituições onde a maioria foi contra, como no Gisno, na Asa Norte, e no CEF 407, em Samambaia, Ibaneis sugeriu implementar uma gestão compartilhada com a Polícia Militar. Depois, recuou.
A expectativa é que o Brasil receba, até 2023, 216 unidades educacionais cívico-militares, em uma expectativa de implementação de 54 por ano. A expectativa é construir um ambiente de parcerias e de maior vínculo entre gestores, professores, militares, estudantes e pais e responsáveis em um modelo que vai abranger três áreas. Uma delas é a didático-pedagógica, com atividades de supervisão escolar e psicopedagogia para melhorar o processo de ensino-aprendizagem, preservando as atribuições exclusivas dos docentes.
Outra área é a educacional que pretende fortalecer os valores humanos, éticos e morais, bem como incentivar a formação integral como cidadão e promover a sensação de pertencimento no ambiente escolar. A outra é a administrativa, que tem por objetivo aprimorar a infraestrutura e a organização da escola para aprimorar a utilização de recursos disponíveis na unidade escolar.
Modelo
Os militares integrarão apenas as áreas educacional e administrativa. O Ministério da Defesa contribuirá com o programa cedendo pessoal para atuar nas áreas de monitoramento dos alunos na área de ensino e aprendizado da parte administrativa, destacou o titular da pasta, Fernando Azevedo e Silva. “Sempre visando otimizar os recursos já disponíveis na unidade escolar”, comentou.
Em uma primeira fase, poderão ser convocados, aproximadamente, 540 militares da reserva para atuarem em até 30 escolas cívico-militares, nas alas de monitoramento, ensino de aprendizagem e administrativa. “Além disso, a Defesa colocará na definição dos perfis e das atribuições dos militares a serem convocados sempre buscando parceria e trabalho conjunto”, frisou.
O ministro da Educação, Abraham Weintraub, comemorou que o governo dobrou a meta inicialmente prevista pelo Compromisso Nacional pela Educação Básica, anunciado em julho, que previa a oferta de 108 escolas cívico-militares. A expectativa dele é que o próprio Bolsonaro possa prestigiar a entrega de, pelo menos, 10% dessas unidades educacionais. O modelo, segundo ele, vai ser o pilar do resgate dos valores da família. “Para que nunca mais um regime totalitário tenha que ser implementado no Brasil. (Para que) nunca mais nós tenhamos uma ideologia cega tentando ser imposta aos brasileiros”, declarou.