Condição é que a deputada federal Marina Silva (Rede-SP) seja indicada para a autoridade climática, o que ela já negou ter interesse
Depois de não conseguir o Ministério do Desenvolvimento Social, a senadora Simone Tebet (MDB-MS) recuou e disse a aliados que aceita ser ministra do Meio Ambiente. A condição, porém, é que a deputada federal eleita Marina Silva (Rede-SP) seja indicada para a autoridade climática, que teria status de Ministério. O problema dessa solução é a recusa de Marina em aceitar o comando dessa nova cadeira.
Como mostrou a colunista Malu Gaspar, aliados do presidente Lula pressionam Tebet e Marina a aceitarem a dobradinha.
A expectativa é que o presidente do MDB, deputado Baleia Rossi (SP), se reúna com Lula nesta quinta-feira para discutir o assunto. Antes do anúncio dos novos ministros, o presidente eleito disse que se reuniria com a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, na tarde desta quinta-feira para buscar uma solução para completar a lista de ministros. Ainda faltam titulares para 13 pastas.
Como mostrou o GLOBO na semana passada, Tebet havia dito a pessoas próximas que só entraria para o governo se fosse para comandar o ministério responsável pelo Bolsa Família, que após pressão do PT acabou ficando com o senador eleito Wellington Dias (PT). A emedebista argumentava que as duas pastas que ela teria interesse — Educação e Meio Ambiente — já estavam com indicados encaminhados.
No caso do Meio Ambiente, a senadora era enfática sobre não aceitar um convite para uma pasta cobiçada por Marina, de quem se tornou amiga na campanha eleitoral. Nesta quinta, no entanto, a senadora cedeu: afirmou a interlocutores que topa uma dobradinha com a deputada da Rede na autoridade climática, que deveria ter, na sua opinião, status de ministério para acomodar a aliada.
Aliados de Tebet entendem, porém, que a senadora também aceita ir para o Meio Ambiente se Marina recusar qualquer cargo no governo, mas deixar o caminho aberto para a emedebista.
As negociações em torno da pasta deflagram uma crise no PT, já que Marina, alvo de fritura na legenda, considera a autoridade climática uma função eminentemente técnica, e por isso não se coloca como uma opção. A criação do órgão foi uma das condições da ex-ministra para apoiar Lula.
Tebet é tida como um nome que, se indicado para o Ministério do Meio Ambiente, agradaria ao mercado. Marina, por sua vez, sofre resistência do setor, mas tem apoio de toda a área ambiental e era tida, até então, como a favorita para a pasta.