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quinta-feira, 20/11/2025




Tarifas dos EUA caem e pressionam setores brasileiros

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Em Brasília

Na última sexta-feira (14/11), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou a redução das tarifas sobre determinados produtos exportados. Apesar da redução de 10% para vários países, o setor produtivo do Brasil permanece apreensivo, pois os produtos brasileiros ainda enfrentam tarifas de 40%, enquanto concorrentes internacionais tiveram as alíquotas zeradas.

Essa medida facilita a entrada de produtos de outros países no mercado americano, trazendo alívio para alguns setores globais, no entanto, grande parte dos produtos brasileiros continuam sujeitos à sobretaxa de 40%, mantida desde decisões anteriores, prejudicando exportadores de café, carne e frutas tropicais, entre outros.

Na prática, isso representa uma vantagem competitiva imediata para os concorrentes do Brasil, que permanece onerado e corre o risco de perder participação de mercado.

O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MIDC), Geraldo Alckmin, reconhece que essa é uma medida inicial na direção correta, mas ressalta que ainda há distorções a serem corrigidas e que o governo continuará buscando soluções.

Impacto nos setores mais afetados

Setores que são sensíveis aos preços, como os de café, carne bovina e frutas, estão entre os mais impactados. Exportadores relataram uma queda abrupta dos embarques para o mercado americano desde a implementação das sobretaxas. Em algumas categorias, como o café especial, a redução nos volumes chegou a ultrapassar 50% em períodos equivalentes.

Essa redução no acesso ao mercado dos Estados Unidos compromete receitas e pressiona as margens de lucro, especialmente para produtores que dependem fortemente do fluxo para este destino.

A Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas (Abrafrutas) avaliou que, embora a redução represente um avanço, o resultado ainda está abaixo do esperado para garantir maior competitividade ao setor. A entidade continuará a incentivar avanços nas negociações para ampliar os percentuais de redução tarifária e incluir frutas ainda não beneficiadas nas fases futuras.

Estudos preliminares indicam perdas bilionárias para as exportações de produtos diretamente afetados. O setor apontou potenciais prejuízos da ordem de US$ 1,5 bilhão, caso a sobretaxa permaneça, afetando a competitividade da indústria brasileira.

A Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG) considera positiva a retirada parcial das tarifas, mas ressalta que a medida é limitada. Exportadores mineiros ainda têm dúvidas sobre a manutenção da sobretaxa de 40%, que prejudica setores essenciais como carnes e café.

O presidente da FIEMG, Flávio Roscoe, apontou que a decisão é importante, mas insuficiente, e que ainda faltam esclarecimentos sobre o alcance da revisão tarifária, o que mantém a incerteza quanto ao impacto prático, especialmente para produtos nos quais o Brasil é fornecedor chave para os Estados Unidos.

Resposta do governo e perspectiva futura

O governo brasileiro adotou postura de diálogo, com manifestações públicas do Executivo e do vice-presidente, além do fortalecimento da diplomacia, incluindo contatos em Washington e pedidos oficiais para suspender a sobretaxa.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva conversou diretamente com Donald Trump no mês anterior, reivindicando o fim da sobretaxa de 40% e mostrando disposição para o diálogo. Nos Estados Unidos, o Congresso avalia medidas que poderiam cancelar ou suavizar as tarifas impostas ao Brasil.

Em agosto, tarifas adicionais de 40% foram aplicadas sobre produtos brasileiros, totalizando 50% em conjunto com tarifas anteriores de 10%. A justificativa oficial americana foi o superávit comercial do Brasil, embora na prática o cenário seja diferente. Posteriormente, Trump admitiu que a medida tinha motivações políticas relacionadas ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF).

Apesar da redução parcial de 10%, outras 40% continuam vigentes.

Desafios para os setores exportadores

Se a sobretaxa de 40% permanecer, espera-se um realinhamento, com perda de mercado significativo para concorrentes americanos, pressão para adaptação rápida e reformas internas para aumentar a produtividade.

Na hipótese de reversão completa da sobretaxa, a recuperação será gradual, pois alguns mercados já poderão estar consolidados com novos fornecedores.

A redução parcial anunciada é vista como um sinal positivo, mas mantém o Brasil em posição vulnerável, ampliando oportunidades para concorrentes.

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) alerta para a necessidade de uma resposta brasileira coordenada, que una diplomacia, medidas para aumentar a competitividade e diversificação dos mercados, a fim de evitar danos estruturais para a indústria e o agronegócio do país.

O presidente da CNI, Ricardo Alban, destaca que países sem sobretaxas terão vantagens para vender aos Estados Unidos. Segundo ele, negociar um acordo para restabelecer condições competitivas para os produtos brasileiros no principal mercado de exportação industrial do país é fundamental.

Geraldo Alckmin reforça que a manutenção da sobretaxa de 40% ainda é alta e prejudica a competitividade do Brasil. Ele citou como exemplo o setor de suco de laranja, que tinha tarifa de 10% e foi zerada, representando uma redução de US$ 1,2 bilhão. Já o café teve redução parcial de 10%, enquanto concorrentes tiveram corte maior, e destacou a importância do esforço para melhorar a competitividade.




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