A senadora Tereza Cristina (PP-MS), que foi ministra da Agricultura no governo de Jair Bolsonaro (PL), afirmou nesta terça-feira (15/7) que a Lei da Reciprocidade Econômica deve ser aplicada apenas como uma alternativa final e somente quando todas as negociações diplomáticas tiverem sido esgotadas. Ela se referia à decisão dos Estados Unidos de impor taxações sobre produtos brasileiros.
“A reciprocidade é um instrumento de defesa, não uma forma de confrontação. Deve ser usada com cautela e somente como último recurso, quando não restarem opções diplomáticas. Ainda é possível o diálogo no caso dos Estados Unidos”, explicou a senadora.
Tereza Cristina foi responsável pela relatoria da lei da reciprocidade econômica no Senado e reforçou que essa legislação não foi idealizada pensando nos Estados Unidos.
“Como relatora da lei da reciprocidade econômica, aprovada por unanimidade e sancionada em abril, deixo claro que a lei não foi concebida para tratar especificamente com os Estados Unidos. Ela serve como um instrumento robusto de negociação contra práticas comerciais discriminatórias que o Brasil já enfrentou, principalmente no passado, por parte da União Europeia”, ressaltou.
As declarações ocorreram durante audiência na Comissão de Relações Exteriores (CRE) do Senado, que discutiu a tarifa de 50% que o governo norte-americano anunciou contra produtos brasileiros.
Ao final da reunião, foi aprovado o estabelecimento de um grupo de trabalho para facilitar o diálogo entre senadores brasileiros e representantes do governo dos Estados Unidos, buscando suspender qualquer possível taxação entre os dois países. A criação do grupo ainda depende da aprovação do plenário do Senado.
Na mesma audiência, o senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS), que foi vice-presidente no governo de Jair Bolsonaro (PL), afirmou que não aceita que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, interfira em assuntos internos do Brasil.
“Assim como não aceito que o presidente Macron, a ativista Greta Thunberg ou o ator Leonardo DiCaprio interfiram nos assuntos brasileiros, também não admito que o presidente Trump interfira em questões internas do Brasil”, declarou o ex-vice-presidente.
Mourão ainda comentou sobre um suposto processo injusto contra o ex-presidente Bolsonaro, afirmando que tais questões devem ser resolvidas pelos brasileiros, sem interferência externa.
Além dos senadores, participaram da audiência:
- embaixador Philip Fox, secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros do Itamaraty;
- Luis Rua, secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura;
- Jefferson de Oliveira Gomes, diretor de Desenvolvimento Industrial, Tecnologia e Inovação na Confederação da Indústria (CNI);
- Michel Platini Juliani, presidente da Associação Brasileira dos Importadores (Abimp).