Os consumidores de energia elétrica vão pagar em 2025 um total de R$ 103,6 bilhões devido a problemas e subsídios que aumentam o valor da conta de luz, conforme revelou a Associação Brasileira de Grandes Consumidores de Energia e Consumidores Livres (Abrace Energia).
Segundo a associação, de cada R$ 100 que os consumidores pagam, R$ 26 não trazem benefício direto para residências e empresas. Paulo Pedrosa, presidente da Abrace Energia, afirmou que “precisamos parar de desperdiçar nossa energia limpa e acessível no país”.
Além da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), que reúne vários encargos do setor, o estudo também considerou custos chamados de “ocultos”, como perdas não técnicas (como ligações ilegais, desvios de energia e adulteração de medidores), inadimplência dos consumidores e o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa).
Enquanto a CDE deve custar cerca de R$ 44,4 bilhões neste ano, os custos ocultos chegam a R$ 59,2 bilhões. Também pesam sobre essa conta os impostos cobrados sobre as ineficiências. A Abrace Energia explica que os altos subsídios criam um ciclo vicioso: quanto mais aumentam, mais o consumidor paga em tributos, porque os impostos são calculados também sobre esses subsídios.
O governo federal atual afirma estar trabalhando para reduzir o custo da energia para os consumidores. Internamente, técnicos da equipe econômica defendem a eliminação de subsídios, mas até agora o Executivo não conseguiu aprovar uma reforma do setor elétrico para diminuir esses custos junto ao Congresso.
Uma medida provisória foi apresentada para limitar o aumento da CDE, mas ainda está em negociação e pode perder validade no começo de novembro se não for aprovada. Para Paulo Pedrosa, o diferencial do Brasil, que é a matriz energética renovável, está em risco.
Ele destacou que “o presidente Trump mudou o cenário nos EUA, favorecendo energia barata com o gás natural não convencional. O Brasil pode se beneficiar desse novo contexto, pois aqui nossa energia limpa pode ser barata. Precisamos de uma estratégia nacional para usar essa energia limpa e acessível para produzir produtos que respeitem o meio ambiente”.
A Abrace Energia representa grandes consumidores e defende que sejam paradas as contratações de soluções ineficientes, como usinas caras, além da descontratação dessas ineficiências quando não houver direitos adquiridos para evitar processos judiciais. Também sugere revisar contratos que ainda não foram executados ou não correspondem às reais necessidades do sistema.
