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domingo, 19/10/2025

Tarifa alta pode fazer Brasil perder espaço no mercado de café dos EUA

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Com a tarifa de 50% aplicada pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, o Brasil corre o risco de perder seu espaço no maior mercado consumidor de café do mundo nas próximas colheitas. Marcos Matos, diretor executivo do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), alerta para essa situação. “O maior medo é perder o maior mercado global, onde estão as maiores empresas. É um prejuízo grande perder o acesso ao maior mercado para seus concorrentes”, disse Matos, em entrevista exclusiva ao Broadcast nas Redes.

Por causa da taxa extra imposta sobre o café brasileiro, países como México, Honduras e Colômbia aumentaram suas exportações para os EUA. “Levamos muito tempo para alcançar o primeiro lugar no mercado americano. Com novas safras e aumento da produção em outros países, o risco é sair do topo e perder espaço nos blends deste grande mercado, quando a produção mundial crescer. É necessário resolver isso rapidamente”, observou Matos. O Brasil tem redirecionado parte do que não vende mais para os EUA para mercados na Europa, Ásia e países árabes, tentando minimizar os impactos. De janeiro a setembro, o Brasil exportou 29,105 milhões de sacas, uma queda de 20,5% em comparação com o mesmo período de 2024, mas a receita subiu 30%, chegando a US$ 11,049 bilhões.

Com essa tarifa, os EUA deixaram de ser o principal destino do café brasileiro em julho para ficar em terceiro lugar em setembro, com a Alemanha assumindo a liderança. O Cecafé afirma que os danos aos exportadores são muito grandes. “Há um enorme prejuízo devido ao atraso, suspensão e cancelamento de contratos. A única solução é a isenção total das tarifas. Se não resolver isso rápido, os produtores também serão afetados”, ressaltou o CEO do Cecafé.

Dados do conselho mostram que, em setembro, as exportações para os EUA caíram 52,8%, totalizando 332.831 sacas. No ano anterior, os EUA compraram 8,1 milhões de sacas, correspondendo a US$ 2 bilhões e 16% das exportações brasileiras. “A alta de 40% no preço internacional do café junto com a tarifa de 50% torna inviáveis os embarques”, explicou Matos. O Brasil responde por 34% do café consumido nos EUA. “Setenta e seis por cento dos americanos tomam café todos os dias. São dois países essenciais para o comércio do produto”, destacou o diretor-executivo.

O setor exportador defende que o café seja retirado da lista de produtos com tarifa elevada. Importadores indicam que o café está no topo da lista para receber isenção. A abertura do diálogo entre os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e dos EUA, Donald Trump, além de missões diplomáticas, pode ajudar a resolver a questão, segundo Matos. “Talvez seja possível suspender a tarifa geral ou ampliar a lista de exceções. O importante é acabar com essa tarifa”, afirmou o CEO.

O aumento dos preços do café no varejo dos EUA, que em agosto teve a maior alta desde 1997, e o esgotamento dos estoques locais, influenciam nos esforços para conseguir a isenção da tarifa, avalia o Cecafé.

Além disso, o setor também busca diversificar mercados. Para Matos, preservar os mercados já estabelecidos, como EUA e Europa, e abrir novos mercados são ações diferentes que devem ser realizadas ao mesmo tempo. A China e a Austrália despontam como mercados que estão aumentando o consumo do café brasileiro. Com tarifas altas, estoques baixos e incertezas sobre as próximas safras, os preços do café devem continuar altos até o final do ano.

Estadão Conteúdo

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