BRUNO RIBEIRO
FOLHAPRESS
O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) está agindo nos bastidores para convencer os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) a manter Jair Bolsonaro (PL) em prisão domiciliar, evitando que ele seja transferido para a penitenciária da Papuda após o fim do recurso judicial da trama golpista.
Essa movimentação acontece em meio a pressões de bolsonaristas, que pedem tanto ações dentro do STF quanto uma defesa mais clara da inocência do ex-presidente, que foi condenado a 27 anos e 3 meses por liderar a tentativa de golpe de Estado.
Tarcísio prefere agir discretamente, acreditando que quem trabalha com silêncio tem melhores resultados. Apenas pessoas próximas a ele estão cientes dessas ações.
Apesar de ter criticado o ministro Alexandre de Moraes em um evento pró-Bolsonaro, aliados do ex-presidente acreditam que Tarcísio tenha recuperado alguma influência junto ao tribunal.
No passado, uma iniciativa de Tarcísio para tentar ajudar Bolsonaro, pedindo o passaporte dele para facilitar contatos com Donald Trump, não foi bem recebida pelo STF, que considerou a ideia inusitada. Tarcísio nega ter feito tal pedido, dizendo que a conversa foi apenas uma possibilidade em estudo.
O governador não comentou sobre a nova articulação quando procurado.
Recentemente, um artigo de Fabio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação da Presidência, defendeu que a prisão de Bolsonaro é injusta, e bolsonaristas acreditam que Tarcísio deveria fazer uma declaração nesse sentido.
Também causou desconforto entre apoiadores uma frase de Tarcísio nas redes sociais, dizendo que o Brasil precisa “trocar o CEO”, uma crítica direta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Alguns acreditam que isso indica que o governador está se preparando para uma campanha presidencial, embora ele oficialmente seja pré-candidato à reeleição em São Paulo.
Além de defender Bolsonaro, seus aliados dizem que a saúde do ex-presidente está fragilizada e que ele precisa de cuidados especiais devido a complicações de cirurgias feitas após o atentado que sofreu em 2018.
O STF divulgou recentemente a decisão que rejeitou um recurso inicial de Bolsonaro, iniciando o prazo para a defesa apresentar um novo recurso. O ministro relator, Alexandre de Moraes, decidirá onde o ex-presidente ficará preso.
Bolsonaro tem 70 anos e existe uma ala para idosos na Papuda, que está superlotada, com 340 detentos para uma capacidade de 177.
A equipe de Moraes considera duas opções para a prisão de Bolsonaro dentro do complexo: a Penitenciária do Distrito Federal número 1 (PDF 1), que tem um setor para presos vulneráveis e onde políticos já ficaram, e o 19º Batalhão de Polícia Militar do Distrito Federal, conhecido como “Papudinha”, localizado em frente à Papuda.
