BRUNO RIBEIRO E JULIANA ARREGUY
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)
O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), apontado como o principal pré-candidato da oposição à Presidência em 2026, está firmando laços com o mercado financeiro, o agronegócio e partidos de centro-direita. Ao mesmo tempo, ele tem se afastado dos filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), seu padrinho político, mantendo firme sua lealdade ao próprio ex-presidente.
Apesar das notícias negativas para seu grupo, incluindo o aumento das tarifas promovido por Donald Trump, a prisão domiciliar de Bolsonaro e o novo indiciamento dele e de seu filho Eduardo Bolsonaro, que está nos Estados Unidos, Tarcísio tem participado de eventos que aumentam sua visibilidade como possível candidato à Presidência, mas sem se distanciar do ex-presidente.
Nas áreas empresariais, ele marcou presença em encontros dos bancos BTG e Itaú, da corretora Warren, da associação paulista do setor imobiliário Secovi, e em dois fóruns ligados ao agronegócio. Politicamente, esteve presente na convenção que uniu os partidos Progressistas e União Brasil, além de um jantar na residência do presidente do União Brasil, Antônio de Rueda – grupo este que trabalha abertamente para fortalecer sua candidatura.
Tarcísio também realizou uma palestra na Igreja Batista Lagoinha de Alphaville, voltando-se ao público evangélico; participou de um almoço organizado por Alexandre Bettamio, do Bank of America, a segunda maior instituição financeira dos EUA; e esteve em jantares com artistas conhecidos como Latino, Wesley Safadão e Felipe Araújo.
Em todos esses eventos, ele foi tratado como candidato à Presidência e usou a oportunidade para promover sua gestão e criticar o governo Lula (PT), sem deixar de agradecer a Bolsonaro por ter apostado nele para governar São Paulo. No entanto, sua demonstração de apoio é exclusivamente para o ex-presidente e não inclui a defesa de Eduardo Bolsonaro ou de outros bolsonaristas que estão sendo investigados pelo Supremo Tribunal Federal.
Em maio, quando Eduardo Bolsonaro já se encontrava nos Estados Unidos defendendo sanções contra o ministro Alexandre de Moraes, Tarcísio buscava unir a centro-direita contra a reeleição do presidente Lula.
Em um evento para filiar seu secretário Guilherme Derrite ao PP, que contou com a presença de líderes como Valdemar Costa Neto (PL), Antônio de Rueda (União Brasil), Ciro Nogueira (Progressistas), Gilberto Kassab (PSD) e Renata Abreu (Podemos), mas que foi boicotado por alguns aliados do clã Bolsonaro, o governador destacou a importância da união do grupo político.
Ele afirmou: “O simbolismo desta reunião é muito importante. Aqui estão líderes de todo o Brasil. Quem duvida que este grupo estará unido no próximo ano, eu afirmo que estará.” Desde então, mantém essa posição.
Integrantes bolsonaristas radicais criticam essa postura, alegando que Tarcísio pretende conquistar o eleitorado de Bolsonaro, mas sem se comprometer com temas prioritários para esse grupo, como anistia aos envolvidos na tentativa de golpe e o impeachment do ministro Alexandre de Moraes – pautas que não são prioridade para o mercado financeiro.
Tarcísio nunca respondeu publicamente às críticas feitas por bolsonaristas. Após a divulgação de conversas pela Polícia Federal, que mostraram um ambiente de desconfiança e desrespeito entre Eduardo Bolsonaro, seu pai, Tarcísio e o pastor Silas Malafaia, o governador manteve sua estratégia e declarou: “Não vou comentar uma conversa privada de pai para filho. Isso interessa apenas a eles e não sei por que foi divulgado.”
Recentemente, ele também não respondeu ao vereador do Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro (PL), que o criticou por supostamente agir de forma desumana e oportunista, comparando-o a outros governadores como Romeu Zema (MG), que anunciou sua pré-candidatura presidencial.
Embora não admita publicamente sua intenção de disputar a Presidência, afirmando buscar a reeleição, aliados reconhecem que o cenário político atual oferece uma oportunidade para essa possibilidade. Tarcísio tem se movimentado para manter o apoio de dirigentes partidários e diferentes atores do mercado.
Outro aliado observa que, independentemente do cargo que Tarcísio venha a disputar em 2026, ele precisa estar presente em eventos importantes – como o jantar organizado por Rueda – para mostrar união política e fortalecer a oposição a Lula nas eleições.
Para seu círculo mais próximo, no entanto, o cenário permanece o mesmo: será Bolsonaro quem decidirá se Tarcísio concorrerá à Presidência ou não.
Na última sexta-feira (22), Tarcísio reuniu grande parte de seu secretariado e prefeitos da região de Marília, interior de São Paulo, para anunciar um pacote de investimentos focados na indústria alimentícia e na pecuária.
Com uma agenda típica de governador em pré-campanha, ele fez vários gestos de apoio aos prefeitos, importantes para a abertura de palanques locais.
Ele afirmou: “Queremos trabalhar para que seus mandatos sejam os melhores possíveis, para que possam realizar muitas entregas, e queremos participar e celebrar cada vitória ao lado de vocês.”