Mudanças feitas pelo governador incomodaram partido, que já havia reclamado de falta de espaço em indicações
A gestão Tarcísio de Freitas decidiu fazer mudanças no Procon-SP e demitir aliados do deputado federal Celso Russomanno e do líder do governo na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), Jorge Wilson, conhecido como Xerife do Consumidor. Ambos são do Republicanos, mesmo partido de Tarcísio, e mantinham influência no órgão. O troca-troca intensificou o mal-estar de Tarcísio com a legenda comandada pelo deputado federal Marcos Pereira (SP), que recentemente cobrou do governador mais espaço na gestão.
A reclamação da sigla ligada à Igreja Universal é de ser preterida nas nomeações do Palácio dos Bandeirantes. Hoje, quem tem mais poder para indicar é o chefe da Casa Civil, Arthur Lima, homem de confiança de Tarcísio, e o secretário de Governo, Gilberto Kassab, presidente do PSD.
Entre os aliados de Russomanno exonerados do cargo está a jornalista Mara Araújo, que trabalhou com o parlamentar no programa “Patrulha do Consumidor”, da Record, e na Câmara. Mara estava há mais de três anos no Procon como assessora técnica e foi dispensada em fevereiro.
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Outro que deixou a fundação foi Luciano Felipe de Oliveira, que era diretor-adjunto de Administração e Finanças. Oliveira foi dispensado do Procon em fevereiro e, no mês seguinte, passou a trabalhar como assessor parlamentar no gabinete da liderança, presidida por Xerife. Além de aliados de Russomanno e Xerife, a nova gestão desligou nomes ligados ao ex-diretor Fernando Capez. Procurados, Mara e Oliveira não quiseram se manifestar.
A pessoas próximas, Ruas trata as mudanças como “naturais”. No entanto, a escolha do diretor foi questionada por integrantes do Republicanos e servidores do órgão, o que causou mal-estar com o novo diretor. A principal crítica se deu pelo fato de Ruas não ser advogado e nem ligado à área, tradição no Procon-SP.
Ex-diretores ouvidos pelo GLOBO dizem que Ruas é amigo do secretário de Justiça de São Paulo, Fábio Prieto, e sua indicação fere a legislação estadual, segundo a qual o diretor-executivo do Procon será escolhido pelo governador a partir de uma lista tríplice “composta por pessoas de notório conhecimento na área de defesa do consumidor e de reputação ilibada”.
Requisitos para o cargo
Ruas é engenheiro formado pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA). Ele foi CEO da empresa de tecnologia de biometria Biológica e vice-presidente de setores da Itautec. Todos os últimos diretores, com exceção de Alexandre Modonezi, eram formados em direito.
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A formação jurídica e o conhecimento específico em direito do consumidor são requisitos tidos como indispensáveis para a direção do órgão, visto que ele é o responsável por traçar a política de proteção e decidir sobre processos administrativos que tramitam na fundação e incluem a autuação ou não de empresas.
A gestão de Ruas à frente do Procon-SP tem sido alvo de críticas de servidores, que alegam uma direção menos atuante do que as anteriores. Segundo essas pessoas, que não quiseram se identificar, Ruas pediu para o órgão evitar “ações midiáticas” e contato com a imprensa.
Em nota, o governo afirmou que a nomeação de Ruas para a chefia do Procon “cumpriu rigorosamente o requisito de notório conhecimento na área de defesa do consumidor” e destacou que ele está no mercado há quase 40 anos e foi “diretor de Desenvolvimento de Produto de Consumo, tendo sob sua responsabilidade o posicionamento de mercado e estratégias de marketing de todos os produtos de consumo da marca, incluindo, portanto, a adequação desses produtos ao Código de Defesa do Consumidor e também a área de atendimento a possíveis demandas e dúvidas dos consumidores”.
A gestão Tarcísio afirmou ainda que todas as fiscalizações da fundação seguem sendo realizadas regularmente e que a seleção de servidores é feita com base em critérios técnicos: “Desde que o novo diretor executivo Wilton Ruas assumiu o cargo, 968 notícias sobre atividades de fiscalização e orientação do órgão foram veiculadas em diferentes meios de comunicação
