BRUNO RIBEIRO
FOLHAPRESS
A equipe de Tarcísio de Freitas (Republicanos) está confiante na aprovação do PL Antifacção para impedir que os problemas causados pelo deputado Guilherme Derrite (PP-SP), secretário afastado da Segurança Pública, afetem o governador, que pretende concorrer nas eleições do próximo ano.
Uma assessora de Tarcísio informou que o governador ainda está avaliando o tema e acredita que a aprovação da proposta, que prevê penas mais severas, amenizará os efeitos negativos gerados durante a discussão do projeto na Câmara.
No Palácio dos Bandeirantes, acredita-se que a crise provocada pelo projeto de Derrite pode ser superada caso o texto final seja aprovado nesta semana.
A equipe prevê que o secretário, que é deputado federal eleito e foi exonerado do governo para apresentar o relatório do projeto na Câmara, retorne à secretaria em até duas semanas. No entanto, ele deve deixar definitivamente o governo estadual antes de abril, já que pretende disputar o Senado em 2026.
Há ainda a possibilidade de uma saída antecipada ainda este ano – aliados de Tarcísio e parlamentares bolsonaristas discutem um cenário sem o retorno de Derrite à pasta, caso o projeto não seja aprovado. O governador já demonstrou insatisfação com o trabalho do secretário em outras ocasiões, e membros da base veem na crise uma chance de antecipar a saída dele do governo.
A pressão sobre Derrite aumentou após ele apresentar quatro versões do PL Antifacção, todas enfrentando resistência do governo, da oposição, da Polícia Federal e do Ministério Público. Além das críticas sobre a fragilidade técnica das propostas, partidos do centrão reclamaram da postura considerada arrogante de Derrite nas negociações.
A primeira versão proposta por Derrite enfraquecia a atuação da Polícia Federal e decepcionou a direita, que esperava capitalizar politicamente a operação policial no Rio de Janeiro contra o Comando Vermelho, realizada em 28 de outubro, que resultou em 121 mortes. O texto também foi usado por petistas para acusar a Câmara de tentar ressuscitar a PEC da Blindagem, que limita punições a parlamentares.
Derrite foi oficialmente exonerado do governo paulista em 6 de novembro. No dia seguinte, apresentou a primeira versão revisada de seu substitutivo na Câmara, prevendo a votação para 11 de novembro, mas as sucessivas mudanças levaram governadores da direita, como Cláudio Castro (PL-RJ), a sugerir o adiamento da votação por 30 dias. Derrite, entretanto, tenta aprovar o projeto esta semana.
Derrite deixou o governo paulista para ser relator do projeto apresentado pelo governo Lula como resposta à operação no Rio. Ele foi indicado relator pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e é deputado federal eleito.
Em evento no Palácio dos Bandeirantes na quinta-feira (13), Tarcísio foi questionado sobre a atuação de Derrite, mas evitou comentar diretamente a crise, defendendo mudanças na lei para endurecer as penas.
“É um tema complexo que precisa ser tratado com cuidado, calma e atenção, para que tenhamos o melhor resultado para o estado”, afirmou. “A sociedade brasileira está exigindo penas mais rígidas.”
Segundo a Folha de S.Paulo, São Paulo é o estado com menor adesão a programas de segurança pública criados ou implementados no governo Lula: das 11 propostas que dependem de adesão voluntária, apenas 3 foram adotadas pelo estado, que afirma já contar com ações consolidadas e integradas que cumprem os objetivos das iniciativas federais.
Caso o PL Antifacção seja votado na próxima semana, o plano prevê o retorno de Derrite ao governo estadual antes de sua saída definitiva. A assessoria de imprensa do deputado confirmou que ele voltará ao governo após a votação, sem comentar outros detalhes.
A Polícia Militar marcou para 1º de dezembro um evento no 1º Batalhão de Policiamento de Choque, na avenida Tiradentes, sede da Rota. Espera-se que o deputado, que foi oficial da tropa, participe da cerimônia como secretário.
