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sábado, 16/08/2025

Tarcísio aumenta ações políticas após prisão de Bolsonaro e se distancia de Lula e Moraes

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Em Brasília

BRUNO RIBEIRO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) tem intensificado suas críticas ao governo do presidente Lula (PT) e aumentado seus encontros com empresários dos setores agrícola e financeiro nas semanas seguintes à prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Embora diga que está focado em sua reeleição em São Paulo, Tarcísio é visto como o principal representante do bolsonarismo para a disputa presidencial de 2026.

Bolsonaro foi preso em 4 de agosto por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF, sob a alegação de descumprimento de medidas cautelares no inquérito que investiga possível coação e obstrução de investigações relacionadas a seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está nos Estados Unidos.

Nos primeiros dias após a prisão, Tarcísio continuou com agendas em São Paulo, incluindo reuniões no Palácio dos Bandeirantes e visitas ao interior do estado, em cidades como Pirapora do Bom Jesus, Holambra, Agudos, Lençóis Paulista e Dois Córregos. A única exceção foi uma viagem a Brasília em 7 de agosto, onde visitou aliados e, junto com outros governadores de oposição, criticou Lula e o STF.

Na semana passada, sua agenda assumiu um perfil mais político, com três palestras para empresários dos setores financeiro e do agronegócio, um jantar na casa do cantor Latino, nos Jardins, que atraiu nomes ligados ao bolsonarismo, e viagens para Cuiabá (MT) e Sorocaba (SP). Em algumas dessas palestras, defendeu diretamente a saída de Lula.

O jantar em São Paulo foi divulgado nas redes sociais do cantor Latino, que abriu sua casa para empresários ouvirem o governador falar sobre suas políticas públicas. O evento contou com a presença de empresários bolsonaristas, como Flávio Rocha, dono da rede Riachuelo.

Durante evento do BTG Pactual em 13 de agosto, Tarcísio afirmou que o Brasil não suporta mais gastos excessivos, aumento de impostos, corrupção, o PT e o governo Lula.

No dia seguinte, em palestra do Itaú com empresários do agronegócio em Cuiabá, foi ainda mais direto, dizendo que é hora de mudar a liderança no país, comparando o Brasil a um carro com uma Ferrari nas mãos, mas com um piloto ruim.

Sua visita a Mato Grosso foi considerada um sinal de mudança, já que anteriormente evitava eventos fora de São Paulo para não parecer estar em campanha nacional. Dessa vez, aceitou o título de cidadão cuiabano, posou para fotos com moradores e circulou com o governador local, Mauro Mendes (União Brasil).

Após a prisão do ex-presidente, Tarcísio também mudou sua postura sobre a sobretaxa de 50% imposta pelo governo Donald Trump sobre produtos brasileiros. Antes, ele via essa medida como negativa para seu grupo político, temendo que sua associação ao bolsonarismo prejudicasse a imagem.

Com a nova situação, seu grupo político se reorganizou e passou a cobrar que Lula inicie negociações com Trump para resolver a questão, ressaltando a importância desse diálogo durante o Congresso Brasileiro do Agronegócio em São Paulo.

Em Sorocaba, ao entregar um batalhão da Polícia Militar, criticou o clima confortável de falta de diálogo do presidente e mencionou que o líder russo Vladimir Putin tem conversado com Trump, mesmo em meio à guerra com a Ucrânia.

Tarcísio nega que a prisão de Bolsonaro tenha mudado sua agenda política, afirmando que sempre manteve suas atividades para atender a todos. Ele coloca como foco seu projeto de continuar em São Paulo e disputar a eleição estadual, entregando projetos que deverão produzir resultados em 2029 e 2030.

Além disso, o governador tem se afastado dos ministros do STF. Apesar de ter bom relacionamento nos bastidores e de ser visto como possível ponte com os bolsonaristas, não houve encontro com o ministro Gilmar Mendes, como era esperado, após a prisão de Bolsonaro.

Na última segunda-feira em São Paulo, Tarcísio optou por não participar de cerimônia do Tribunal de Contas do Estado (TCE) que contou com a presença do ministro Moraes, preferindo seguir com agenda ao lado do prefeito Ricardo Nunes (MDB), aliado próximo. Esse gesto foi interpretado como um sinal de distanciamento dos ministros do Supremo.

No meio político e econômico, as movimentações de Tarcísio são vistas como tentativa de ocupar o espaço deixado pela prisão de Bolsonaro. Para seus aliados, mesmo com as negativas públicas, a série de viagens, discursos e encontros mostra que ele se aproxima cada vez mais do papel de candidato natural do bolsonarismo à Presidência.

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