Doze pessoas perderam a vida e outras 27 ficaram feridas nesta terça-feira (11/11) em um atentado suicida ocorrido em frente a um tribunal na cidade de Islamabad. O Movimento Talibã do Paquistão declarou ser responsável pelo ataque na capital do país.
De acordo com o ministro do Interior paquistanês, Mohsin Naqvi, um homem detonou um explosivo por volta das 12h30 locais (4h30 em Brasília), próximo a uma viatura policial.
O ataque foi reivindicado algumas horas depois pelo Talibã paquistanês (TTP), um grupo armado que segue a mesma ideologia do Talibã no Afeganistão e que frequentemente ataca as forças de segurança do Paquistão.
“Na terça-feira, um de nossos membros realizou um ataque a um tribunal em Islamabad”, declarou o grupo em comunicado enviado a jornalistas. “Ataques continuarão contra aqueles que aplicam julgamentos baseados em leis não islâmicas, contra os que as executam e contra os que os protegem, até que a lei da Sharia seja implantada em todo o país”, completou a nota.
Esse atentado aumentou as preocupações sobre uma possível escalada do conflito entre Paquistão e Afeganistão, que já vivenciaram confrontos violentos em outubro.
Diante de uma série de ataques contra suas forças policiais, Islamabad exige que o Afeganistão pare de apoiar o Talibã paquistanês (TTP), acusação que Cabul nega.
Os dois países acordaram uma trégua delicada, cujos detalhes não foram completamente definidos mesmo após várias rodadas de negociação, ameaçando retomar os combates caso haja ataques em seus territórios.
O ministro da Defesa do Paquistão, Khawaja Asif, classificou o atentado como “um aviso” e destacou que, “nessas circunstâncias, seria inútil esperar progresso nas negociações com a liderança de Cabul”.
O Talibã ameaçou retaliar Islamabad por meio de insurgentes, em resposta aos bombardeios aéreos paquistaneses no Afeganistão, situação que, segundo o pesquisador americano Michael Kugelman, tornou a estabilidade do sul da Ásia cada vez mais vulnerável.
A explosão causou grande confusão nas proximidades do tribunal. Testemunhas relataram uma forte detonação seguida de incêndio em veículos. As forças de segurança isolaram a área, que abriga vários escritórios governamentais.
A cidade de Islamabad é considerada relativamente segura se comparada a outras partes do país, tendo ocorrido um atentado suicida semelhante pela última vez em dezembro de 2022.
Mohsin Naqvi ainda informou que o atentado na capital ocorreu um dia após um ataque contra uma escola na província de Khyber Pakhtunkhwa, região noroeste na fronteira com o Afeganistão, onde três pessoas morreram; o agressor era afegão, segundo o ministro, que acusou o Afeganistão de envolvimento direto.
O Ministério das Relações Exteriores do Talibã expressou em suas redes sociais profunda tristeza e condenação veemente à explosão em Islamabad, bem como ao ataque à escola.
Paquistão e Afeganistão enfrentaram confrontos intensos em meados de outubro, principalmente ao longo da fronteira, mas o conflito se estendeu a Cabul com outros atentados que resultaram em mais de 70 mortos, incluindo cerca de 50 civis afegãos, conforme dados da ONU.
Além disso, as tensões permanecem elevadas com a Índia, outro vizinho e histórico adversário do Paquistão, após uma breve guerra em maio que causou mais de 70 mortes em ambos os lados, culminando em um cessar-fogo.