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quarta-feira, 03/09/2025

Tagliaferro afirma ter enviado prova de fraude de Moraes aos EUA

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O ex-assessor do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), Eduardo Tagliaferro, declarou nesta quarta-feira (3/9) que enviou aos Estados Unidos um conjunto de documentos que, segundo ele, demonstram que o gabinete de Moraes no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) manipulou relatórios para justificar uma operação contra empresários bolsonaristas em 2022. Tagliaferro informou que a partir desse material mais pessoas podem vir a ser penalizadas.

“Todo o material foi enviado ao governo dos Estados Unidos e já está em análise no Parlamento Europeu. Ainda não recebi retorno dos EUA, mas fui informado que, com base nisso, mais pessoas serão sancionadas”, afirmou em entrevista ao Contexto Metrópoles.

Tagliaferro relatou que o envio dos documentos ocorreu há cerca de uma semana e que conversou com representantes do Departamento de Estado dos EUA, respondendo sobre as pessoas mais próximas ao magistrado. “Listei todas as pessoas mais próximas do ministro Alexandre de Moraes, incluindo assessores e juízes do seu gabinete”, disse.

O material também foi divulgado ao Parlamento Europeu, que só iniciou suas atividades normais em setembro, após o mês de agosto, tradicionalmente de recesso na Europa.

Na quarta-feira (2/9), Tagliaferro participou remotamente da Comissão de Segurança Pública do Senado, na mesma data em que começou a fase final do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro por suposta tentativa de golpe, caso relatado por Moraes. O colegiado é presidido por Flávio Bolsonaro e tem maioria pró-ex-presidente.

Em 2022, durante a gestão de Alexandre de Moraes no TSE, Tagliaferro foi chefe de gabinete na Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação.

Contexto da Operação

Em agosto de 2022, o Metrópoles revelou mensagens entre empresários que defendiam abertamente um golpe para manter Bolsonaro no poder. Dias depois, esses empresários foram alvos de uma operação da Polícia Federal. Entre eles estavam Luciano Hang, da Havan, José Koury, do Barra World Shopping, e Ivan Wrobel, da construtora W3 Engenharia.

De acordo com Tagliaferro, Moraes utilizou-se unicamente dessa reportagem para justificar a operação, e afirmou que o relatório utilizado para embasar a ação teria sido produzido depois da operação, tentativa de abafar críticas. O relatório consta como elaborado em 22 de agosto, um dia antes da busca e apreensão em 23 de agosto, mas os documentos apresentados por ele são de 26, 27 e 28 de agosto.

Tagliaferro apresentou capturas de tela dos materiais que teria produzido a pedido do juiz auxiliar de Moraes, Airton Vieira, incluindo mapas mentais sobre as investigações e o envolvimento dos empresários. Ele contou que Moraes desconhecia que ele teria sido incumbido por Vieira para a produção desse material.

“O documento apresentado por Alexandre de Moraes para justificar e alegar uma investigação preliminar foi confeccionado por mim, a pedido de Airton Vieira, que não sabia usar computador. Isso chegou até mim por acaso, e Moraes não sabia disso. Airton pediu para eu não comentar”, declarou o ex-servidor.

Denúncia contra Tagliaferro

O Procurador-Geral da República, Paulo Gonet, denunciou Eduardo Tagliaferro ao STF no mês passado. Ele está sendo investigado pela Polícia Federal por suposto vazamento de mensagens trocadas no gabinete do ministro Alexandre de Moraes.

Tagliaferro responde por crimes que incluem violação de sigilo funcional, coação no andamento de processo, obstrução de investigação relacionada a organização criminosa e tentativa de desestabilizar violentamente o Estado Democrático de Direito.

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