No tranquilo município de Angatuba, localizado a aproximadamente 180 km da capital de São Paulo, as ruas silenciosas contrastam com a intensa movimentação nas redes sociais nas últimas semanas. O motivo desse interesse não é um influenciador digital em ascensão nem uma marca nova, mas Suzane Von Richthofen, condenada pelo assassinato dos próprios pais em 2002 e sentenciada a mais de 39 anos de prisão.
Libertada em 2023, Suzane descobriu uma nova forma de permanecer em destaque: a venda de artesanatos e acessórios feitos à mão.
O que começou como uma página discreta, criada no mesmo ano para divulgar produtos artesanais, virou uma vitrine lucrativa após o sucesso da série Tremembé, exibida pelo Prime Video. A série retrata o cotidiano do presídio onde Suzane cumpriu pena por quase 20 anos.
Em fevereiro de 2023, beneficiada pelo regime aberto, Suzane deixou a Penitenciária Feminina de Tremembé, em São Paulo. Pouco antes disso, em setembro de 2021, foi autorizada judicialmente a frequentar um curso técnico em farmácia. No entanto, após retomar a liberdade, decidiu investir em um ateliê virtual de artesanato.
O perfil “Su Entre Linhas” esteve ativo até dezembro de 2024, quando foi desativado sem justificativas. No início de novembro do mesmo ano, junto ao sucesso da série Tremembé, a página voltou a funcionar e conquistou um novo público, somando mais de 130 mil seguidores entre curiosos, críticos e compradores.
Entre os produtos disponíveis estão chinelos decorados com pedrarias, bolsas e necessaires estampadas, mochilas coloridas e até sacolas adaptadas para transporte de animais de estimação.
- Chinelos customizados chegam a custar R$ 160 o par.
- Jogos americanos de tecido estampado ficam por volta de R$ 100.
- Sacolas para transporte de pets custam cerca de R$ 80.
A nova fase de Suzane não se baseia apenas no artesanato, mas também na história que a acompanha. Mesmo décadas após o crime, a trajetória da ex-presidiária continua a gerar debates sociais, éticos e jurídicos. Cada postagem em sua página recebe reações diversas, desde apoio à ressocialização até críticas severas, configurando um fenômeno midiático alimentado pelo interesse no caso.
Nos bastidores, o controle da imagem é bastante rigoroso. A página orienta os seguidores a não enviarem mensagens fora do tema das encomendas, ignorando qualquer pergunta que não lide diretamente com os produtos. Não há menção ao passado nem referências ao caso, focando exclusivamente no artesanato.
