VITÓRIA MACEDO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) aprovou o uso da cirurgia com auxílio de robô para a remoção da próstata como tratamento para câncer de próstata na rede pública.
Esse tratamento é indicado para casos em que o câncer está localizado ou se espalhou pouco, e é uma forma eficaz de cura. O câncer de próstata é o tipo mais comum entre homens, com previsão do INCA de cerca de 77 mil novos casos em 2025 no Brasil.
A decisão da Conitec, baseada em estudos técnicos e científicos, permitirá que essa tecnologia menos invasiva esteja disponível no SUS, apesar de atualmente ser concentrada principalmente na rede privada com poucas máquinas disponíveis.
A cirurgia robótica traz muitos benefícios como menor risco de morte e complicações, menor custo hospitalar, melhor qualidade de vida, menos sangramento, recuperação mais rápida, alta antecipada, melhor manutenção das funções urinárias e sexuais, menor uso de transfusões e estadia hospitalar reduzida.
Segundo Rodrigo Nascimento Pinheiro, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO), que ofereceu respaldo técnico para a decisão, “A tecnologia robótica é mais barata que a cirurgia tradicional pois gera menos complicações, reduzindo custos com internações e novas cirurgias.”
Roni Fernandes, diretor da Escola Superior de Urologia da Sociedade Brasileira de Urologia, acrescenta: “Nos últimos 17 anos, essa tecnologia mostrou menos sangramento, recuperação rápida, alta antecipada e resultados no câncer iguais ou melhores, com menos problemas. Isso melhora o funcionamento dos hospitais e o atendimento.”
Aspectos econômicos e próximos passos
Embora o investimento inicial para implantar a cirurgia robótica seja alto, no médio e longo prazo reduz gastos, conforme estudos que mostram sua vantagem econômica, segundo Pinheiro.
Nos próximos cinco anos, o custo para o SUS pode aumentar ou diminuir dependendo do número de cirurgias realizadas e ajustes de custo. Além disso, a introdução da tecnologia pode incentivar inovação, capacitação de profissionais e métodos de trabalho no SUS.
Após a recomendação, o próximo passo será definir regras para o uso da cirurgia robótica, como quem poderá realizar, quando indicar e organização da rede para oferecer o procedimento, explica Pinheiro.
Atualmente, existem cerca de 40 robôs no SUS, mas concentrados nas regiões Sul e Sudeste, o que gera desigualdade no acesso e pior prognóstico para pacientes das regiões Norte e Nordeste.
“Hoje, quem tem câncer no Norte do Brasil tem mais chance de morrer do que no Sudeste. Isso é injusto”, destaca o médico. “O local onde a pessoa mora influencia no resultado.”
A cirurgia robótica foi aprovada pelo FDA nos EUA e órgãos reguladores europeus entre 2003 e 2004. No Brasil, o primeiro sistema foi aprovado pela Anvisa em 2008 e usado em hospitais privados.
Hoje, o Brasil tem cerca de 160 robôs, sendo 43 para atendimento no SUS, dos quais 12 são exclusivos do SUS.