O subsecretário de Diplomacia Pública do Departamento de Estado dos Estados Unidos, Darren Beattie, reafirmou suas críticas ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Em uma postagem nas redes sociais nesta segunda-feira (8/9), aproveitou a data do Dia da Independência do Brasil para enviar um recado ao magistrado.
“Ontem celebramos o 203º Dia da Independência do Brasil. A data reforça nosso compromisso de apoiar o povo brasileiro na defesa dos valores da liberdade e da justiça. Em relação ao Ministro Alexandre de Moraes e àqueles que, por meio de abusos de autoridade, prejudicaram essas liberdades essenciais, continuaremos a adotar as medidas necessárias”, afirmou.
A declaração ocorre em meio ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e aliados por tentativa de golpe de Estado no STF. Moraes, relator do caso, inicia nesta terça-feira (9/9) a leitura de seu voto sobre a responsabilidade dos acusados.
Alguns dias antes, na quinta-feira (4/9), Beattie se encontrou em Washington com o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho 03 do ex-presidente, e o blogueiro Paulo Figueiredo. Também esteve presente Ricardo Pita, conselheiro sênior para o Hemisfério Ocidental do Departamento de Estado dos EUA.
Segundo Figueiredo, o encontro teve como tema principal a tramitação de um projeto no Congresso brasileiro para conceder anistia a Jair Bolsonaro pelos eventos de 8 de janeiro de 2023. Em suas redes sociais, Eduardo Bolsonaro afirmou que a articulação visava “libertar o Congresso Nacional das garras de mafiosos togados”, referindo-se aos ministros do STF.
As críticas de Beattie a Alexandre de Moraes não são recentes. Em julho, chamou o ministro de “coração pulsante do complexo de perseguição e censura contra Jair Bolsonaro” e declarou que os EUA estavam “vigilantes e agindo”.
Naquela ocasião, o senador Marco Rubio, chefe do Departamento de Estado, anunciou a suspensão do visto de Moraes, de seus familiares e de outros ministros da Corte.
Em agosto, Beattie intensificou suas críticas, classificando Moraes como o “principal idealizador do sistema de censura e perseguição” contra o ex-presidente e seus aliados. Ele mencionou que os supostos abusos de direitos humanos atribuídos ao magistrado motivaram sanções aplicadas com base na Lei Global Magnitsky, mecanismo usado pelos EUA para punir autoridades estrangeiras acusadas de graves violações.
O subsecretário ainda alertou que aliados do ministro podem sofrer retaliações se apoiarem suas decisões. “Estamos acompanhando a situação atentamente”, afirmou.
Essas manifestações refletem uma movimentação mais ampla da ala trumpista nos Estados Unidos, que busca se posicionar como voz internacional contra o que chamam de “controle judicial autoritário” no Brasil.
O próprio Donald Trump, em julho, enviou uma carta ao governo Lula e ao STF, prometendo repercussões diante do que classificou como “ataques à liberdade de expressão e ao comércio dos EUA”.
Dentre as ações avaliadas nos EUA estão a possibilidade de aumento de tarifas sobre produtos brasileiros, a suspensão de vistos de autoridades relacionadas ao STF e a inclusão de familiares de Moraes em futuras sanções.