ANA PAULA BIMBATI
SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS)
O ministro do STF Alexandre de Moraes ordenou a suspensão imediata da investigação da Polícia Civil do Rio de Janeiro que apurava as ações das famílias que recolheram corpos encontrados na mata após uma operação muito violenta no país.
O delegado responsável pelo caso deve fornecer informações em até 48 horas, conforme a decisão.
A Polícia Civil declarou que o inquérito não investiga as famílias das vítimas, mas sim ordens de líderes de facções criminosas que tentaram esconder a ligação dos mortos com essas organizações.
O chefe da Polícia Civil havia afirmado que iria investigar a retirada dos corpos, mencionando possível fraude processual e que corpos expostos em locais públicos foram manipulados. Moradores encontraram mais de 70 cadáveres.
Segundo o chefe da polícia, os corpos foram retirados da mata sem roupas. Vídeos mostrariam que os mortos vestiam roupas camufladas e equipamentos de guerra durante a operação. Porém, não foi esclarecido por que os corpos ficaram na mata à noite.
Alexandre de Moraes também solicitou que o governo do Rio preserve as gravações das câmeras usadas pelos policiais. A administração de Cláudio Castro deve enviar cópias dos laudos necroscópicos e relatórios policiais que indicavam a presença dos 51 suspeitos que receberam mandados de prisão.
O ministro também fez pedidos ao Tribunal de Justiça do Rio, para que envie listas de pessoas com mandados de prisão presas na operação, informações sobre presos fora dessas listas, resultados das audiências de custódia e dados dos mandados cumpridos.
A Defensoria Pública do estado também deve informar se as famílias das vítimas estão tendo acesso às provas e acompanhamento adequado.
A operação nos complexos do Alemão e da Penha resultou em mais de 100 mortes, incluindo quatro policiais que foram mortos durante a ação. O objetivo era prender membros do Comando Vermelho.
Alexandre de Moraes tomou essas medidas dentro da ADPF das Favelas, assumindo temporariamente o caso com a aposentadoria do ministro Luís Roberto Barroso. A ação já foi julgada em caráter definitivo em abril, mas voltou a ser discutida após a grande operação no Rio.
Investigação com a Polícia Federal
Na semana anterior, Alexandre de Moraes anunciou a abertura de um inquérito pela Polícia Federal, que vai investigar o funcionamento de esquemas de lavagem de dinheiro e a infiltração de organizações criminosas no Poder Público.
Em reunião com entidades de direitos humanos, o ministro mencionou que solicitou imagens da operação policial para examinar se houve uso excessivo da força. As entidades queriam a suspensão da investigação contra as famílias que retiraram os corpos na mata.
