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terça-feira, 17/06/2025




STF recebe conversas do ex-assessor de Bolsonaro ligadas a Mauro Cid

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O advogado Eduardo Kuntz, que defende o ex-assessor presidencial Marcelo Câmara, informou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que manteve diálogos com Mauro Cid a respeito da delação premiada do ex-ajudante de ordens, usando uma conta no Instagram. Esse dado foi apresentado nesta segunda-feira, 16, na defesa, na qual ainda pedem que o acordo de colaboração seja anulado.

A informação confronta o que Cid declarou em seu depoimento recente no STF, quando negou ter tratado da delação com outros investigados ou com a imprensa. A negativa veio após pergunta feita pelo advogado do ex-presidente Jair Bolsonaro. Tanto Cid quanto Bolsonaro fazem parte do grupo central do suposto plano de golpe e foram ouvidos na Primeira Turma do STF. Já Câmara é considerado parte do grupo 2 da ação penal sobre o caso.

De acordo com a defesa de Câmara, as conversas ocorreram entre janeiro e março de 2024, via a conta “GabrielaR702”, atribuída a Cid, e cujas mensagens foram divulgadas pela revista Veja.

Nesses diálogos, o ex-ajudante de ordens teria discutido diretamente com o advogado sobre a delação, criticado a investigação e o relator, ministro Alexandre de Moraes, e compartilhado links de reportagens revelando detalhes da apuração e do próprio acordo.

Kuntz relatou que foi contactado por Cid em janeiro. Para confirmar a identidade do militar, fizeram uma chamada telefônica e Cid enviou uma foto. O advogado já conhecia o tenente-coronel e inicialmente pensou que o contato poderia ser para contratá-lo como defensor.

A defesa argumenta que essas conversas indicam que Cid não agiu por vontade própria ao firmar o acordo de colaboração, o que comprometeria sua validade legal, motivo pelo qual pediram ao STF que anule o acordo.

Além de contestar a delação, a defesa de Câmara solicitou o afastamento do ministro Moraes da condução do processo, afirmando que ele tem interesse no caso. A denúncia da Procuradoria-Geral da República inclui Câmara entre os suspeitos de participar de um esquema de monitoramento ilegal contra o ministro. Para os advogados, isso compromete a imparcialidade do relator.

Nesta segunda-feira, 16, a defesa de Bolsonaro também pediu a anulação da delação de Mauro Cid, alegando que ele mentiu em seu depoimento ao STF e que violou o sigilo da colaboração, citando como evidência uma série de mensagens divulgadas pela reportagem.

Os advogados pediram ainda que o STF solicite à Meta, empresa responsável pelo Instagram, informações detalhadas da conta “GabrielaR702”, incluindo registros de IP, localização, histórico de dispositivos e o conteúdo completo das mensagens trocadas. O ministro Moraes já havia solicitado esses dados anteriormente no âmbito da investigação.

O tema surgiu depois que o advogado Celso Vilardi, defensor de Bolsonaro, questionou Cid durante o interrogatório no STF se ele utilizou esse perfil para se comunicar com outras pessoas – o que foi negado tanto no depoimento quanto após a divulgação das mensagens.

Estadão Conteúdo




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