O ministro do Supremo Tribunal Federal Celso de Mello determinou a abertura de inquérito para apurar indícios de suposta prática de lavagem de dinheiro por parte do senador Gim Argello (PTB-DF) em razão de movimentações atípicas nas contas da mulher e do filho do parlamentar.
A decisão de Celso de Mello foi assinada na semana passada e publicada nesta segunda-feira (26) no “Diário de Justiça Eletrônico”.
O advogado Pedro Paulo Medeiros, que defende o senador, afirmou que movimentações atípicas não são necessariamente ilegais e que ele justificou todas as movimentações à Receita Federal.
“É absurdo dizer que é um ilícito penal. Ele vai justificar à Receita Federal como já faz há anos. Toda sua movimentação tem origem lícita justificada e não há que se falar em legalidade”, afirmou Medeiros.
Celso de Mello atendeu pedido feito pelo ex-procurador-geral da República Roberto Gurgel, que deixou o cargo no último dia 15 de agosto.
Gurgel citou que o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) informou que a esposa do senador, Márcia Argello, solicitou ao banco um saque em dinheiro no valor de R$ 800 mil, quantia que foi retirada em uma lotérica do próprio parlamentar.
Além disso, o então procurador destacou que o filho do senador, Jorge Afonso Argello Júnior, movimentou em sua conta R$ 2,745 milhões de fevereiro a setembro de 2010, valor incompatível com a renda declarada de R$ 6,5 mil.
Afirma ainda que, segundo o Coaf, o filho efetuou aplicações no total de R$ 3,044 milhões em 2010. Há ainda outra indicação de saque em espécie no valor de R$ 1 milhão por parte do filho do parlamentar.
Para a Procuradoria, há “indícios da prática do crime de lavagem de dinheiro”.
“As informações sobre movimentações financeiras de Jorge Argello Júnior e Márcia Argello foram relatadas pelo Coaf devido aos indícios da prática de crime de lavagem de dinheiro pelo senador Gim Argello, que figura como acusado em ações penais que […] apuram crimes de apropriação indébita, ocultação de bens, pecutalo e corrupção passiva”, disse Gurgel. O senador responde a outros inquéritos no Supremo.
Em razão das suspeitas, Celso de Mello determinou que a Polícia Federal ouça depoimentos da mulher e do filho do senador, e que ambos justifiquem as movimentações consideradas suspeitas.