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quinta-feira, 18/09/2025

Sócios de Careca têm direito a silêncio na CPMI do INSS

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Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como Careca do INSS, foi alvo de uma operação da Polícia Federal (PF) que resultou em sua prisão. O advogado Nelson Wilians (foto em destaque) obteve habeas corpus concedido pelo ministro Kassio Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF), em 16 de setembro de 2024. Com isso, Wilians poderá permanecer em silêncio durante seu depoimento na CPMI do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), marcado para 18 de setembro.

Além dele, o ministro Luiz Fux, também do STF, concedeu habeas corpus a Rubens Oliveira Costa, sócio de Careca do INSS e acusado de transportar valores relacionados ao esquema de fraudes milionário.

Participação dos convocados

Nelson Wilians

O advogado está implicado em movimentações financeiras significativas, conforme relatórios da PF. Segundo relatório do Coaf anexado à operação Sem Desconto, Wilians movimentou R$ 4,3 bilhões em operações suspeitas. Ele realizou pagamentos e doações políticas, incluindo um repasse de R$ 15 milhões a Maurício Camisotti e doação à campanha do senador Rogério Marinho (PL-RN), membro da CPMI.

Rubens Oliveira Costa

Dados da PF indicam que Rubens era o responsável pelo transporte de valores do esquema, tendo sacado R$ 919,4 mil de empresas ligadas a Antonio Antunes, Romeu Antunes e Thaisa Jonasson. Ele figura como sócio na empresa “Venus Consultoria & Assessoria Empresarial S/A” juntamente com Alexandre Guimarães, ex-diretor do INSS, que participou de reunião com o ministro da Previdência, Wolney Queiroz. Rubens também foi sócio em outras empresas do grupo, sendo um elo entre o lobista e servidores supostamente envolvidos.

Milton Salvador de Almeida Júnior

Milton ingressou em cinco sociedades com movimentações milionárias em um curto período, entre junho e julho de 2024, junto com Antonio Antunes. Foram empresas como ACCA Consultoria Empresarial S/A e outras relacionadas. Ele e suas empresas receberam R$ 48,3 milhões de entidades e empresas investigadas.

Romeu Carvalho Antunes

Filho de Antonio Antunes, Romeu atuou intensamente no esquema, sendo sócio de várias empresas do grupo e tendo participação indireta em outras. A PF relata que as empresas ligadas a Romeu foram usadas para repassar valores para servidores do INSS envolvidos. Durante busca e apreensão foram encontrados veículos de luxo sob sua posse. A PF ainda sugere que Romeu poderia assumir sócia-gerência de um call center em caso de fuga do pai.

Tania Carvalho dos Santos

Esposa de Antonio Antunes, Tania negociou um imóvel diversas vezes em um curto período, movimentando R$ 353 milhões, possível tentativa de ocultação da origem dos recursos. Ela também adquiriu uma mansão de 3 milhões demolida para construção de uma nova casa avaliada em R$ 9 milhões, com obra embargada devido às investigações.

Cecília Montalvão Simões

Esposa de Maurício Camisotti, sócia da empresa Benfix, que firmou contratos milionários para modernizar a gestão de entidades autorizadas a descontos em folha para aposentados. O grupo Camisotti movimentou quase R$ 790 milhões em operações sob suspeita. Camisotti teria recebido pelo menos R$ 43 milhões de entidades associativas investigadas.

A decisão do STF também libera os convocados da obrigação de prestar compromisso de dizer a verdade, além de dispensá-los de comparecer, caso optem. Nelson Wilians é conhecido por relações políticas e já doou para campanhas, incluindo a do ex-prefeito e ex-governador de São Paulo, João Doria, para quem também atuou como advogado.

Sete políticos receberam doações de Wilians desde 2014, com Rogério Marinho sendo o único integrante da CPMI entre eles, que afirmou que a doação seguiu procedimentos legais e não influencia sua atuação parlamentar. Nelson Wilians não retornou contato para comentar as doações.

No dia 18 de setembro, Rubens Oliveira Costa, Milton Salvador de Almeida Júnior, Nelson Wilians e familiares convocados estarão presentes nas oitivas da CPMI, previstas para iniciar às 9h.

A CPMI também aprovou a convocação de familiares, incluindo Tânia Carvalho Antunes e Romeu Carvalho Antunes, além de Cecília Montalvão Simões. Esta última alegou falta de recursos para comparecimento, mas a CPMI informou que o custeio já está previsto e agendou nova data para seu depoimento.

O ministro do STF, André Mendonça, negou pedidos de ausência feitas por Romeu Carvalho, Cecília Montalvão e Nelson Wilians. Todos deverão comparecer, porém na condição de testemunhas, tendo o direito de permanecer em silêncio.

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