FÁBIO PUPO
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)
O Congresso deve discutir trechos em uma lei que podem viabilizar a construção de uma usina a gás perto de Brasília. Entre os sócios do projeto estão o empresário Carlos Suarez e uma empresa ligada a Pedro Grünauer Kassab, sobrinho do presidente do PSD, Gilberto Kassab, que é aliado político do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.
O projeto aguarda que o Congresso decida sobre um veto do presidente Lula à lei que regula as eólicas offshore. A votação pode alterar o preço máximo permitido para contratar energia dessas usinas, o que ajudaria a viabilizar várias usinas a gás.
Especialistas do Ministério de Minas e Energia, cujo chefe é próximo a Kassab, recomendam manter o veto, alegando que liberar a mudança pode prejudicar o interesse público. No entanto, a decisão final está com os parlamentares.
No Centro-Oeste, a lei permitiria a contratação de usinas no Distrito Federal e Goiás, região onde Suarez é sócio de empresas que controlam a distribuição de gás, criando um monopólio.
A Usina Termoelétrica Brasília, chamada de UTE Brasília, é participada pela Termo Norte, empresa de Carlos Suarez, e pela Diamante, ligadas à família de Grünauer Kassab por meio de um fundo de investimentos.
A Diamante não comentou o projeto, e Gilberto Kassab afirmou não ter envolvimento com o tema ou a empresa. A Termo Norte disse que a viabilidade do projeto depende das mudanças na lei que estão previstas no projeto vetado.
A usina proposta ficaria em Samambaia, Distrito Federal, com capacidade para 1.470 MW, usando turbinas a gás e a vapor. O gás para a usina viria de gasodutos controlados por Suarez, incluindo um pequeno gasoduto da CEBGás, monopolista no Distrito Federal, e um grande gasoduto ligando São Carlos (SP) a Brasília, que já tem licença ambiental.
A lei da Eletrobras determina a instalação de 8.000 MW de usinas termelétricas que operam quase sempre, mas o preço máximo limitado pelo governo impediu muitas contratações. Tirar esse teto pode aumentar a conta de luz e as emissões de gases do efeito estufa, segundo estudos.
Especialistas concordam que a presença de usinas a gás é importante para garantir energia confiável, já que as fontes renováveis são instáveis. O debate está na forma de contratar essas usinas, no preço pago e no impacto ambiental e econômico dessa decisão.
A entidade Abrace alertou que o modelo de contratação atual pode onerar demais os consumidores e criar privilégios para certos empreendimentos, prejudicando um mercado de energia mais eficiente e moderno.