A Síria realizou neste domingo (5/10) suas primeiras eleições parlamentares desde a destituição do regime de Bashar al-Assad, um evento que o governo considera um marco na transformação política do país após mais de dez anos de guerra civil.
De acordo com o Comitê Supremo para as Eleições da Assembleia Popular, os locais de votação abriram às 9h no horário local (3h em Brasília) na maior parte das províncias sírias. Esperava-se que os resultados preliminares fossem divulgados ainda no domingo, enquanto os definitivos sairiam nesta segunda-feira (6/10).
Este processo eleitoral ocorre sob um novo regulamento temporário instituído por decreto do presidente Ahmad al-Sharaa no início do ano, que criou um comitê nacional de 10 integrantes e estabeleceu as normas para o período de transição.
O parlamento terá 210 cadeiras, com dois terços escolhidos por órgãos locais e um terço indicado diretamente pelo presidente. A alocação das vagas considera critérios populacionais e sociais.
Nem todas as regiões participaram. Foram adiadas as eleições em grande parte de Raqqa e Hasakah — territórios sob controle das forças curdas do YPG — e completamente suspensas em Suwayda, área dominada por grupos drusos ligados ao clérigo Hikmat al-Hijri. As autoridades mencionaram desafios ligados à segurança e logística nessas áreas.
A campanha eleitoral teve duração de 10 dias, encerrando-se na sexta-feira (3/10), com 1.578 candidatos aprovados, dos quais 14% são mulheres. A nova lei também assegura pelo menos 20% das cadeiras para representantes femininas.
O cadastro eleitoral excluiu pessoas associadas ao antigo regime.
Em visita a um local de votação em Damasco, o presidente Ahmad al-Sharaa afirmou que o país está vivendo um momento emblemático e descreveu a eleição como um passo essencial para a reconstrução nacional. Ele enfatizou que a transição tem um caráter moderado e visa unir o país e promover a participação popular após anos de conflito e destruição.
“Cada cidadão sírio deve contribuir na formação do novo país”, afirmou al-Sharaa, acrescentando que deseja um parlamento capaz de aprovar leis pendentes e fiscalizar as ações do governo.
O novo corpo legislativo terá mandato de dois anos e meio, período durante o qual o governo se preparará para realizar as primeiras eleições diretas da história recente da Síria.