O cometa visitante 3I/ATLAS tem atraído a atenção dos cientistas. Recentemente, foi anunciado que ele emitiu os primeiros sinais de rádio conhecidos de um objeto interestelar.
Esses sinais foram captados pelo radiotelescópio MeerKAT na África do Sul e são de linhas de absorção associadas a radicais de hidroxila, que são substâncias resultantes da sublimação do gelo no cometa, nas frequências de 1,665 GHz e 1,667 GHz.
Essa descoberta é muito importante, pois é a primeira vez que sinais de rádio são detectados de um corpo celeste que se originou fora do nosso Sistema Solar.
O 3I/ATLAS foi detectado em primeiro de julho de 2025 pelo telescópio Atlas, no Chile. É o terceiro objeto espacial localizado fora do Sistema Solar e foi classificado como interestelar devido à sua trajetória hiperbólica, ou seja, ele não está preso pela gravidade do Sol e não segue uma órbita fechada.
No passado, astrônomos tentaram captar sinais de rádio do cometa entre os dias 20 e 28 de setembro, sem sucesso, mas agora os dados recebidos correspondem ao que se esperava.
Importância da captação dos sinais
Captar esses sinais permite aos cientistas identificar os elementos que compõem o cometa sem a necessidade de enviar uma sonda até lá. Essa técnica, chamada radioastronomia, consiste em captar ondas de rádio emitidas por corpos celestes para estudar suas características.
A maioria dos objetos no espaço emite ondas de rádio naturalmente, as quais podem ser registradas e analisadas para obter informações que não são possíveis captar somente com telescópios que detectam luz visível.
No caso do 3I/Atlas, a detecção dos sinais de rádio confirmou que há gelo em seu núcleo. Isso sugere que o cometa se formou em uma região muito fria da Via Láctea.
Quando o cometa se aproximou do Sol, parte desse gelo sublimou, mudando do estado sólido para gasoso, o que explica a alteração na coloração do cometa, que exibiu tons azulados após chegar ao ponto mais próximo do Sol (periélio).
Os cientistas planejam continuar observando o 3I/Atlas para captar novos sinais de rádio. Em março de 2026, o cometa passará próximo ao planeta Júpiter, a cerca de 50 milhões de quilômetros de distância.
Estudos iniciais indicam que o 3I/Atlas se formou em um sistema estelar diferente do nosso e foi ejetado para o espaço, vagando por milhões de anos até alcançar nosso sistema solar.
