Durante sua tentativa de fuga pelo Paraguai, o ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques, apresentou às autoridades um passaporte falso em nome de um paraguaio chamado Julio Eduardo, juntamente com uma declaração alegando sofrer de um câncer cerebral que impossibilita a fala. Ele foi detido no Aeroporto Internacional Silvio Pettirossi, em Assunção, na sexta-feira (26/12), ao tentar embarcar rumo a El Salvador.
A Polícia Federal informou que Silvinei portava um documento intitulado “Declaração Pessoal para Autoridades Aeroportuárias”, onde afirmava possuir Glioblastoma Multiforme – Grau IV, um tipo agressivo de câncer no cérebro. No texto, ele alegava não conseguir falar nem ouvir “devido a uma condição médica grave” e pedia que qualquer comunicação fosse realizada por escrito.
Na declaração, Silvinei relatou: “Eu, a pessoa que apresenta este documento, informo que não falo nem ouço, devido a uma condição médica grave. Tenho diagnóstico de Glioblastoma Multiforme – Grau IV, câncer localizado na cabeça (cérebro), doença oncológica de prognóstico grave, razão pela qual não posso me comunicar verbalmente nem compreender instruções orais. Por esse motivo, não posso responder perguntas de forma falada.”
Ele também mencionou que o motivo da viagem para San Salvador, via Copa Airlines, era exclusivamente para o tratamento de radiocirurgia, um procedimento que poderia prolongar sua vida. A declaração ainda incluía autorização médica para a viagem e a posse de medicamentos contínuos.
Fuga iniciada na véspera de Natal
A prisão aconteceu na madrugada da sexta-feira, após notificação da Polícia Federal brasileira às autoridades do Paraguai. Conforme informações encaminhadas pela PF ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, Silvinei deixou sua residência em São José (SC) na noite da quarta-feira (24/12), antes de a tornozeleira eletrônica apresentar falhas. O dispositivo teria sido rompido na madrugada do dia de Natal.
Imagens analisadas pela PF mostram que, por volta das 19h22 daquele dia, Silvinei saiu do condomínio levando um carro alugado carregado com sacolas, ração e tapetes higiênicos para animais. Ele também embarcou com seu cachorro da raça pitbull. Equipes da Polícia Penal de Santa Catarina e da Polícia Federal foram ao local nas horas seguintes, mas o ex-diretor da PRF já não estava lá.
Silvinei ainda alugou um carro para sair do Brasil, enquanto seu veículo habitual (um Jeep Renegade) circulava pelas ruas das cidades de Santa Catarina.
Condenação no Supremo Tribunal Federal
Silvinei Vasques foi condenado a 24 anos e 6 meses de prisão pelo STF por sua participação no núcleo 2 do grupo envolvido na elaboração da chamada “minuta do golpe” e por ações destinadas a dificultar o voto de eleitores do Nordeste nas eleições de 2022. A condenação foi proferida em 16 de dezembro, mas ainda não foi transitada em julgado. A defesa está no prazo para apresentar recursos. Mesmo assim, o ministro Alexandre de Moraes decretou a prisão preventiva de Silvinei após sua tentativa de fuga.
Silvinei será entregue à Polícia Federal ainda nesta sexta-feira (26/12). As autoridades paraguaias conduzirão Silvinei até a região da tríplice fronteira, em Ciudad del Este, para que ele seja transferido à PF. Em seguida, o ex-diretor será levado para Brasília, onde permanecerá detido.

