CATIA SEABRA e VICTORIA AZEVEDO
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)
O ministro Sidônio Palmeira está à frente da comunicação do governo há cinco meses, mas ainda não conseguiu recuperar a popularidade do presidente Lula (PT) nem definir uma identidade clara para o terceiro mandato do líder petista, em um período marcado por crises que impactam o Palácio do Planalto.
Ao assumir a Secretaria de Comunicação do Governo Lula em janeiro, Sidônio traçou um plano para melhorar a imagem do presidente em 90 dias, baseado em um triângulo formado por comunicação, gestão e política. Porém, a ausência de apoio no Congresso e a falta de ações impactantes do governo dificultaram o progresso.
Membros da equipe do presidente reconhecem que valorizar programas antigos, ainda que revitalizados após terem sido prejudicados na gestão anterior, não é suficiente para melhorar a avaliação pública. Por isso, novos programas estão sendo desenvolvidos.
Após cinco meses, o presidente Lula enfrenta desafios para mudar esse cenário e apresenta o menor índice de aprovação dos seus três mandatos, conforme pesquisa Datafolha recente, com 40% de reprovação e 28% de aprovação.
As crises constantes têm exigido esforços extras dos auxiliares, incluindo o próprio Sidônio, que tem atuado em questões como INSS e IOF. Em momentos de tensão, o ministro apelou para que as divergências fossem deixadas de lado, focando no governo.
Aliados citam mudanças no cronograma de comunicação que foram impostas para evitar que o público ignorasse campanhas lançadas em momentos de crise. O perfil exigente e centralizador do ministro tem alterado o calendário, o que preocupa auxiliares devido ao impacto nos gastos publicitários em um ano eleitoral.
O edital para contratação da comunicação digital do governo, prometido na posse de Sidônio, deve ser lançado em breve, após atrasos. A expectativa é que o processo esteja concluído até o final do ano.
Outro desafio é alinhar a estratégia de comunicação à agenda do presidente, ampliando sua exposição em eventos e entrevistas. Sidônio declarou que Lula deve ser o motor do conteúdo da comunicação governamental, ressaltando a necessidade de melhorar a percepção pública sobre as ações do governo.
Há avaliações internas que indicam a necessidade de reorganizar a equipe próxima ao presidente para evitar problemas que poderiam ser resolvidos com melhor alinhamento. A comunicação governamental recebe críticas por não ser tão coordenada quanto a atuação de grupos da direita, especialmente nas redes sociais.
Sidônio, que foi marqueteiro na campanha de 2022, chegou ao governo como um conselheiro influente, mantendo contato frequente e direto com o presidente Lula, incluindo reuniões nos finais de semana e encontros na residência oficial.
Ele também idealizou o evento “O Brasil Dando a Volta por Cima” para destacar as realizações do governo durante os dois primeiros anos e tentar inverter a queda de popularidade, preparando o caminho para 2026.
Na sua chegada, afirmou que o governo começava a segunda metade do mandato com a necessidade de vencer o debate público ainda este ano, ressaltando que restam cerca de seis meses para alcançar este objetivo.