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quinta-feira, 07/08/2025

Setores de agroindústria e máquinas serão os mais afetados pela tarifa de Trump

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A agroindústria do Brasil será o setor que mais sentirá os efeitosda tarifa elevada anunciada por Donald Trump, que começou a valer na quarta-feira, dia 6. Este impacto maior ocorre porque muitas áreas importantes não receberam isenção na ordem executiva assinada em 30 de julho. Outro setor que também será bastante afetado é o de máquinas e equipamentos, segundo especialistas.

No setor agropecuário, os principais produtos que sofrerão com essas tarifas, em ordem de importância nas exportações para os Estados Unidos, são café, carnes e sucos, de acordo com levantamento da BMJ Consultores Associados. Juntos, esses dez produtos venderam US$ 5,4 bilhões para os EUA neste ano. O estudo aponta que quase 83% das exportações brasileiras de produtos agrícolas serão impactadas pelas tarifas em 2025.

Produtos agropecuários mais afetados pelas tarifas

Café e carnes são os que sofrerão mais impacto financeiro.

Subáreas como pescados, mel e produtos derivados de abelhas não estão entre as mais prejudicadas, pois, embora os EUA sejam o principal mercado para esses segmentos e empreguem muitas pessoas, o valor comercial é menor dentro de um total que ultrapassa US$ 40 bilhões em exportações anuais, conforme explica Josemar Franco, gerente de Comércio Internacional da BMJ Consultores Associados.

Josemar Franco também comenta que a ausência de isenção para o café e a carne na lista americana é estratégica: “Se todos os produtos essenciais fossem excluídos, os EUA perderiam ferramentas importantes para as negociações”.

João Carmo, economista da consultoria 4Intelligence, ressalta que esses dois setores, apesar do impacto, devem sentir menos a sobretaxa, pois dependem menos do mercado americano. Em 2024, os EUA compraram apenas 16% do café brasileiro exportado e menos de 10% da carne bovina. “Como um competidor forte no mercado global, o Brasil poderá buscar novos mercados caso as tarifas permaneçam”, afirma.

Desde abril, quando os EUA aplicaram uma tarifa geral de 10%, as importações americanas do Brasil diminuíram, porém as exportações brasileiras resistiram, mesmo que algum prejuízo seja inevitável.

O setor de máquinas e equipamentos enfrenta uma situação mais difícil. Mais da metade dos produtos relacionados a engenharia civil exportados para os EUA são difíceis de serem direcionados para outros mercados. O comércio desses itens superou US$ 2 bilhões neste ano, segundo João Carmo.

Os setores excluídos das isenções continuam buscando alternativas e negociando, esperando mudança na posição americana.

Café continua nas negociações e busca novos mercados

O café está entre os primeiros setores que permanecem negociando com os EUA. Conforme o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), o café brasileiro representa mais de 30% do mercado americano, sendo o Brasil o principal fornecedor.

Ao mesmo tempo, os exportadores brasileiros avançam em outros mercados. A China, por exemplo, autorizou 183 novas empresas brasileiras a exportar café, sendo um mercado com potencial de crescimento no consumo.

Carne conta com apoio do consumidor americano

A carne também recebe suporte de pequenos consumidores. A Associação Nacional de Restaurantes dos EUA, que representa 500 mil estabelecimentos, solicitou a isenção das tarifas para produtos como café e carne para evitar aumento dos custos e falta de produtos.

Além disso, parte das vendas para os EUA, que caíram após a tarifa de 10% imposta em abril, estão sendo redirecionadas para outros mercados. Por exemplo, as importações do México cresceram 420% no primeiro semestre em comparação ao ano anterior.

A China, que já é responsável por quase metade das exportações brasileiras, também aumentou suas compras de carne, chegando a 134 mil toneladas em junho, o equivalente a US$ 740 milhões, crescimento de 64% desde janeiro.

Açúcar e setor calçadista enfrentam dificuldades

No setor açucareiro, algumas empresas consideram inviável a continuidade das exportações para os EUA, embora as negociações permaneçam. O Brasil tradicionalmente é responsável por parte da cota americana de açúcar bruto isenta de tarifas, volume que costuma aumentar anualmente.

Renato Cunha, presidente da Associação dos Produtores de Açúcar, Etanol e Bioenergia (NovaBio), afirma que o Brasil é um fornecedor confiável, sendo chamado para suprir a demanda quando outros países não conseguem entregar.

Por fim, no segmento calçadista, a tarifa deverá dificultar ou inviabilizar as vendas para os EUA, que é o principal mercado. A Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) estima a perda de 8 mil empregos diretos nesse setor.

A Abicalçados recomenda que o governo brasileiro ofereça linhas de crédito para compensar custos cambiais e amplie incentivos fiscais para ajudar as empresas a mitigar os impactos negativos das tarifas.

Fonte: Estadão Conteúdo

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