O Brasil possui cerca de 160 milhões de animais de estimação, posicionando-se como o terceiro maior país do mundo em população pet, conforme dados da ABINPET (Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação). Estatísticas do IBGE indicam uma média de 1,6 pet por residência brasileira. Neste cenário, os investimentos em cuidados e bem-estar animal impulsionam um mercado em rápida expansão, com projeção de receita de R$ 76,3 bilhões para 2024, segundo pesquisas da Associação e do Instituto Pet Brasil (IPB).
Com a adoção de animais se tornando cada vez mais comum, os gastos relacionados aos cuidados desses pets têm aumentado significativamente. Esse movimento dinamiza a indústria de produtos e serviços para animais, motivando muitas empresas a explorarem oportunidades nesse segmento. O Sebrae aponta que, na última década, a abertura de estabelecimentos voltados para banho e tosa e estética animal cresceu 148%, passando de 4.372 negócios em 2014 para 10.587 em 2023. Nos primeiros seis meses de 2024, foram inaugurados 5.893 novos empreendimentos desse tipo, superando o total do ano de 2014.
Tabela de dados recentes para referência:
- 2023: Faturamento do mercado pet no Brasil – R$ 68,7 bilhões (ABINPET)
- 2024 (previsão): Faturamento – R$ 76,3 bilhões (ABINPET / IPB)
- 2023: Unidades de banho e tosa abertas – 10.587 (SEBRAE)
- 2024 (jan-jun): Novos negócios em banho e tosa – 5.893 (SEBRAE)
- 2020–2022: Crescimento do e-commerce pet – +130% (IPB)
- 2022: Faturamento global do setor – US$ 149,8 bilhões (ABINPET)
Em nível mundial, o setor pet faturou US$ 149,8 bilhões em 2022. No Brasil, a ABINPET estima que o faturamento atingiu R$ 68,7 bilhões em 2023, refletindo um crescimento de 14% em relação a 2022. O segmento conhecido como “Pet Food” lidera esse mercado, com receita de R$ 38,1 bilhões, representando mais da metade do total e com um crescimento de 13,1%. Entretanto, segmentos como Pet Vet e Pet Care cresceram ainda mais, cerca de 18%.
O comércio eletrônico teve papel fundamental nesse avanço. Em 2020, a participação online nos faturamentos subiu de 9% para 36,6%, impulsionada pelas restrições da pandemia de COVID-19, o que consolidou as vendas virtuais. Entre 2020 e março de 2022, o comércio eletrônico pet cresceu 130%, chegando a R$ 3,3 bilhões, conforme levantamento do IPB.
Transformação na relação entre pessoas e animais
A pandemia trouxe também uma grande valorização da adoção de animais, que chegou a aumentar 400%, segundo a União Internacional Protetora dos Animais. Isso reflete mudanças culturais, sociais e econômicas que alteram a forma como as pessoas veem seus pets. A pesquisa Radar Pet 2021, da Comissão de Animais de Companhia (Comac) do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para a Saúde Animal (Sindan), mostra que há um aumento constante de tutores que consideram seus animais como membros da família, em vez de meros bichos de estimação.
O fenômeno das “famílias multiespécies”, onde os pets vivem dentro de casa e participam da rotina familiar, tem estimulado maior consumo no mercado pet. Esse conceito envolve a antropomorfização dos animais, levando a busca por serviços e produtos que valorizem seu bem-estar.
Milena Gravino, médica veterinária, observa que “cada vez mais, atendo casais e conheço pessoas que optam por ter animais ao invés de filhos, o que reflete na maior atenção dada aos cuidados veterinários e qualidade de vida desses pets.”
Uma pesquisa conjunta da PwC Brasil e do Instituto Locomotiva revela que 57% dos consumidores de produtos pet nas classes C, D e E planejam adquirir artigos para seus animais, totalizando 63,3 milhões de potenciais consumidores. Isso mostra a força do mercado em expansão, que se adapta para atender novos perfis de clientes com serviços como clínicas veterinárias aprimoradas, creches e hotéis para cães, refletindo a disposição dos tutores em investir no bem-estar dos seus companheiros.
Estudos no estado de Santa Catarina confirmam essa tendência, com um crescimento de 120% no número de estabelecimentos veterinários, incluindo hospitais, clínicas e consultórios. As creches para animais, inspiradas em modelos infantis, ganharam destaque, especialmente durante a pandemia, oferecendo cuidados e alívio para os pets enquanto seus tutores retornam ao trabalho presencial. Os preços variam conforme as atividades e serviços oferecidos, entre R$ 250 e R$ 3 mil.
O mercado de cuidados para animais no Brasil mostra-se cada vez mais robusto e diversificado, acompanhando a crescente importância que os pets ocupam na vida das pessoas e atendendo às demandas de um público que vê seus animais como parte fundamental da família.