Aos 47 anos, o escritor e editor Cesar Bravo iniciou sua trajetória na indústria criativa em 2011, quando começou a publicar seus livros de maneira independente.
Há cerca de cinco anos, ele decidiu abandonar sua carreira como farmacêutico bioquímico para se dedicar exclusivamente ao mercado editorial.
“Sou muito grato e feliz por conseguir viver do que eu gosto. Não sou um cara do mercado tradicional, não adianta. Eu servi ao mercado tradicional por muito tempo [indústria farmacêutica], mas nunca foi onde eu me senti feliz. Eu trabalho em casa, minha filha está sempre comigo. Minha filha tem 8 anos e ela é minha leitora, é minha fã. Só de ter uma filha que admira o trabalho do pai, da maneira com que a minha filha admira, já pagaria todas as contas”, conta Cesar, que já publicou seis livros e colabora com uma grande editora.
Ele faz parte de centenas de milhares de brasileiros que atuam na chamada indústria criativa, um setor econômico que engloba não somente o mercado artístico e cultural, mas também áreas como tecnologia da informação, pesquisa e desenvolvimento, moda e publicidade.
A indústria criativa é dividida em quatro segmentos principais. O maior deles é o consumo, que inclui publicidade e marketing, arquitetura, design e moda.
Os demais são: tecnologia (pesquisa e desenvolvimento, biotecnologia e tecnologia da informação e comunicação); mídia (editorial e audiovisual); e cultura (expressões culturais, patrimônio, artes, música e artes cênicas).
No Brasil, o setor movimentou R$ 393,3 bilhões em 2023, conforme levantamento da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan).
Esse volume corresponde a 3,59% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional no período, um aumento em relação a 2022, quando a indústria criativa representava 3,21% do PIB.
A pesquisa, baseada na Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), revela que o setor cresceu entre 2008 e 2015, teve queda nos anos de 2016 e 2017, e voltou a se expandir a partir de 2018.
Em quatro estados, a indústria criativa respondeu por mais de 4% do PIB local: São Paulo (5,3%), Rio de Janeiro (5,2%), Distrito Federal (4,9%) e Santa Catarina (4,2%).
Já em cinco estados, a participação foi inferior a 1%: Maranhão (0,6%), Tocantins (0,7%), Rondônia, Acre e Alagoas (0,9% cada).
Emprego na indústria criativa
Em 2023, o setor empregava aproximadamente 1,26 milhão de pessoas, com concentração maior em publicidade e marketing (348 mil), pesquisa e desenvolvimento (212 mil), tecnologia da informação e comunicação (209 mil), arquitetura (116 mil) e design (105 mil).
Nos segmentos de mídia e cultura, destacam-se o mercado editorial (52 mil), expressões culturais (47 mil) e audiovisual (45 mil).
O número de empregos cresceu 6,1% em comparação a 2022, quando havia 1,19 milhão de trabalhadores no setor, um ritmo superior ao do mercado de trabalho como um todo, que teve aumento de 3,6% no mesmo período.
Júlia Zardo, coordenadora da pesquisa, ressalta que “esses trabalhadores criativos atuam não só em empresas do setor, mas em diversas outras áreas, agregando valor para outras indústrias brasileiras”.
Crescimento das profissões
As carreiras que mais cresceram em 2023 foram analista de e-commerce, com avanço de 224,9%, profissional de mídias digitais (74,3%), produtor cultural (39,3%) e apresentador de eventos (36,6%).
Júlia Zardo acredita que o setor deve continuar se expandindo graças às políticas de incentivo a áreas criativas implementadas após a pandemia de covid-19.
“Os dados são até 2023, e esperamos um aumento ainda maior com a descentralização de recursos públicos, como a Lei Paulo Gustavo. Ações públicas recentes certamente terão impacto positivo na indústria criativa nos próximos anos.”
Informações obtidas da Agência Brasil.