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segunda-feira, 25/08/2025

Setor aéreo sofre com aumento do IOF, dólar alto e atrasos na entrega de aviões

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PAULO RICARDO MARTINS
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

Mesmo depois da volta das operações normais após a pandemia, empresas aéreas e especialistas do setor ainda enfrentam dificuldades. Um dos problemas é o atraso na entrega de novos aviões, que atrasa a renovação das frotas. Além disso, a alta do IOF – imposto sobre operações financeiras – vem prejudicando financeiramente as companhias.

Peter Cerdá, CEO da Alta (Associação Latino-Americana e do Caribe de Transporte Aéreo), destaca que vários fatores dificultam o trabalho das companhias aéreas no Brasil, tornando-as menos competitivas em comparação com outros países. O combustível, que é o maior gasto das empresas, ficou mais caro, e os atrasos na entrega de aviões aumentaram muito.

Na América Latina e Caribe, o tempo para receber aviões de modelo narrowbody, que possuem apenas um corredor, aumentou em mais de 50% desde a pandemia, chegando a até 6,5 anos de espera, segundo Cerdá. Isso prejudica a atualização das frotas.

Outra dificuldade citada por Cerdá é a lentidão na liberação de peças na alfândega brasileira, que pode levar até dez dias, enquanto em países vizinhos esse processo dura de dois a três dias. Isso atrasa a manutenção dos aviões e aumenta os custos.

Leonardo Fiuza, presidente da TAM Aviação Executiva, confirma que ainda existem atrasos nas entregas de aeronaves, embora em menor intensidade do que durante a pandemia. Ele explica que alguns fabricantes ainda enfrentam dificuldades para manter a produção regular.

Além disso, a alta do IOF impacta as finanças das companhias. A Associação Brasileira das Companhias Aéreas (Abear) informa que 60% dos custos do setor estão ligados ao dólar, incluindo o combustível de aviação, que é precificado em moeda americana.

Este ano, o ministro do STF Alexandre de Moraes decidiu manter o aumento do IOF, que eleva em nove vezes a alíquota para operações como leasing e manutenção de aviões. A Abear estima que essa medida gerará um custo adicional de cerca de R$ 600 milhões em 2025.

A associação mantém diálogo com o governo federal para tentar reduzir os custos do setor aéreo, que enfrenta um cenário complicado devido à alta do dólar e do IOF.

Empresas como Azul, Latam e Gol seguem o posicionamento da Abear em relação a essas questões.

Em 2024, os custos com seguros, arrendamento e manutenção de aeronaves representaram 18,9% das despesas das companhias aéreas brasileiras, segundo dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), perdendo apenas para o querosene de aviação (QAV).

O total gasto pelas empresas com serviços aéreos em 2024 chegou a R$ 67,2 bilhões, um aumento de 11,3% em comparação ao ano anterior.

Adalberto Febeliano, ex-diretor de relações institucionais da Azul e especialista em aviação civil, descreve o setor aéreo brasileiro como uma grande zona de exportação. Ele explica que, além do combustível e do leasing, outros custos importantes como manutenção, seguros e tarifas de navegação também são cobrados em dólar.

Febeliano destaca que a alta do dólar, que ultrapassou R$ 6, prejudicou as companhias, pois as passagens são vendidas com antecedência, quando a moeda estava mais barata.

Outro problema citado pelo setor é o aumento das despesas com processos judiciais, que devem ultrapassar R$ 1 bilhão em 2024, segundo a Abear. A entidade considera esse valor alto, especialmente diante dos bons índices de pontualidade e regularidade da aviação brasileira.

De acordo com indicadores da Anac, os gastos com condenações judiciais aumentaram levemente nos últimos dois anos, mas continuam abaixo dos patamares registrados na pandemia. Em 2024, esses custos representaram 1,3% das despesas das companhias aéreas.

Nos últimos anos, as três maiores companhias aéreas do Brasil — Gol, Latam e Azul — passaram por processos de recuperação judicial nos Estados Unidos (Chapter 11). O caso mais recente foi da Azul, que iniciou o processo em maio deste ano e espera encerrar a recuperação até o final de 2024.

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