Dayane Lopes, 39 anos, recebeu um transplante de rim em agosto, após ter sofrido danos nos rins e no pâncreas devido a uma condição desde o nascimento. Ela mora na Candangolândia e sua história mostra a importância do Setembro Verde, mês dedicado a conscientizar sobre a doação de órgãos. A Fundação Hemocentro de Brasília (FHB) é fundamental nesse processo, pois realiza exames complexos que permitem os transplantes no Distrito Federal. Só neste ano de 2025, a fundação já fez mais de 5 mil exames antes e depois dos transplantes.
A história de Dayane começou quando, ao tentar ajudar uma aluna em crise, machucou o joelho e teve que se tratar por quase dois anos. Durante esse período, o uso de remédios anti-inflamatórios causou 19 pancreatites. Ela foi diagnosticada com uma malformação no pâncreas chamada pâncreas divisum. Em 2020, após a gravidez de sua filha, sua saúde piorou ainda mais, e os rins funcionavam só 11%, sem chance de melhora.
Dayane passou por uma cirurgia para colocar uma prótese no pâncreas, o que ajudou a controlar as crises, mas os danos nos rins eram permanentes. Ela lembra que naquela época já não tinha função renal, o que mudou muito sua vida. Com os rins comprometidos, a única solução era o transplante. Em junho de 2024, entrou na fila de espera e aguardou até agosto de 2025. Segundo a Secretaria de Saúde do Distrito Federal, até agosto deste ano, foram feitos 427 transplantes na região.
Durante o processo, Dayane precisou ir muitas vezes ao Hemocentro de Brasília para fazer exames e coletas de sangue. Ela conta que foi bem atendida e acolhida, o que a ajudou a passar pelos momentos difíceis e se preparar para a cirurgia. O cuidado da equipe também se estendeu à sua filha, que a acompanhava.
Antes e depois dos transplantes no DF, o Hemocentro faz vários testes para garantir que o procedimento seja seguro e eficaz. Eles verificam a compatibilidade genética entre doador e receptor, a presença de anticorpos que possam causar rejeição e fazem testes para detectar doenças como HIV, hepatites, sífilis, entre outras.
No Laboratório de Imunologia de Transplantes, contam com equipamentos modernos e reagentes importados da Alemanha e dos Estados Unidos, além de uma equipe especializada que trabalha 24 horas por dia, todos os dias da semana. O diretor Pedro Henrique Diogo explica que esse trabalho é caro e complexo, mas essencial para que cada transplante seja realizado com a máxima segurança e qualidade. O Hemocentro reafirma assim sua importância no suporte aos transplantes, além de ser referência na coleta e distribuição de sangue.
O transplante de rim da Dayane foi feito no Instituto de Cardiologia e Transplantes do Distrito Federal. Ela lembra a emoção ao receber a notícia de que poderia receber o órgão: estava em terceiro na lista, mas os dois primeiros não puderam receber. Quando o telefone tocou avisando que era a sua vez, ela chorou de emoção, sentindo que ganhava uma nova chance de viver.
O órgão veio de um doador falecido, conforme a lei brasileira, que só permite a doação com autorização da família, mesmo que a pessoa tenha manifestado o desejo em vida. Por isso, especialistas destacam a importância de conversar sobre essa decisão com os familiares, pois são eles que autorizam a doação no momento da perda.
Dayane agradece profundamente ao doador e à família por esse gesto de solidariedade. Mesmo sem saber quem foi, ela se sente grata e promete honrar essa oportunidade vivendo cada dia com esperança e responsabilidade.
*Com informações da Fundação Hemocentro de Brasília (FHB)