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domingo, 24/11/2024
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Sete ex-membros das Brigadas Vermelhas italianas são detidos na França

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Apesar das relações turbulentas entre França e Itália, Emmanuel Macron vê no atual primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, um grande aliado pró-União Europeia

(crédito: Ludovic MARIN / POOL / AFP)

Sete ex-membros das Brigadas Vermelhas, condenados pela justiça italiana por atos de terrorismo, foram detidos na França nesta quarta-feira (28/4), a pedido das autoridades da Itália, onde a lembrança de seus atos de barbárie continua forte.

A França serviu durante muito tempo como refúgio para figuras das Brigadas Vermelhas por uma política estabelecida pelo ex-presidente socialista François Mitterrand, o que provocou muitas tensões com Roma.

A chamada “Doutrina Mitterrand”, adotada em 1985, oferecia asilo aos extremistas desde que renunciassem à violência e não fossem procurados na Itália por assassinato ou outros “crimes de sangue”.

O presidente Emmanuel Macron autorizou a detenção de 10 ex-membros das Brigadas Vermelhas, e três deles ainda estão sendo procurados, informou o Palácio do Eliseu em um comunicado.

O texto destaca que Macron continua defendendo a “Doutrina Mitterrand”, mas que as detenções e extradições são parte dos esforços para resolver as tensões de muitos anos com o país vizinho.

A França, também afetada pelo terrorismo, compreende a absoluta necessidade de fazer justiça às vítimas”, afirma o comunicado.

Os grupos de extrema-esquerda como as Brigadas Vermelhas provocaram o caos durante o período conhecido na Itália como “anos de chumbo”, do fim da década de 1960 até meados dos anos 1980.

As Brigadas Vermelhas foram o grupo mais conhecido, acusado por centenas de mortes, incluindo o sequestro e assassinato do líder democrata-cristão e ex-primeiro-ministro Aldo Moro em 1978.

Tensões diplomáticas

A presença de centenas de ex-membros das Brigadas na França, que são procurados na Itália por crimes violentos, provocou tensões entre os dois vizinhos durante décadas.

Em 2019, o então ministro do Interior da Itália, Matteo Salvini, disse que escreveria a Macron “para pedir que deixasse de permitir que os terroristas que massacraram os italianos possam beber champanhe livremente”.

As relações entre França e Itália passavam por turbulências na época, mas o presidente Macron vê no atual primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, um grande aliado pró-União Europeia.

Draghi expressou “satisfação” com a decisão da França de proceder as detenções e destacou que estas pessoas “são responsáveis por crimes muito graves de terrorismo”.

“A recordação destes atos de barbárie continua viva na consciência dos italianos”, disse.

Não se pode fugir de nossas próprias responsabilidades, da dor e do dano que provocaram”, escreveu o ministro das Relações Exteriores, Luigi Di Maio, em uma mensagem no Facebook.

Ele indicou que as detenções eram o resultado da cooperação das autoridades dos dois lados da fronteira.

Entre os detidos está Marina Petrella, 66 anos, que teve a extradição bloqueada em 2008 pelo então presidente Nicolas Sarkozy após a intervenção de sua esposa Carla Bruni, nascida na Itália.

Petrella, que em 2008 tinha problemas de saúde, foi condenada à prisão perpétua por assassinato na Itália e a intervenção de Sarkozy na época provocou a fúria de Roma.

A advogada Irene Terrel, que representa Petrella e outros quatro ex-membros das Brigadas Vermelhas, declarou à AFP que estava “indignada” com as detenções.

“Desde os anos 1980, estas pessoas estiveram sob a proteção da França. Reconstruíram suas vidas aqui durante 30 anos diante dos olhos e conhecimento de todo o mundo, com seus filhos e netos… e então, de madrugada, vêm procurá-los, 40 anos depois dos fatos”, disse.

A advogada afirmou que os clientes recorrerão contra a detenção.

A justiça francesa deve se pronunciar sobre a extradição.

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