Os trabalhos de busca dos seis desaparecidos pela queda de uma ponte em Baltimore, um dos portos comerciais mais movimentados dos Estados Unidos, foram suspensos na noite desta terça-feir, 26, pois acredita-se que eles morreram, informaram as autoridades.
“Com base na duração das buscas […], na temperatura da água neste momento, não acreditamos que vamos encontrar essas pessoas com vida”, declarou o vice-almirante da Guarda-Costeira Shannon Gilreath, em entrevista coletiva sobre os trabalhos na ponte Francis Scott Key.
Entre os desaparecidos, que trabalhavam fazendo reparos no asfalto, estão dois trabalhadores guatemaltecos, de 26 e 35 anos, informou a chancelaria do país centro-americano em comunicado.
Imagens capturadas por câmeras de vigilância mostram o porta-contêineres chocando-se contra um pilar da ponte, fazendo com que grande parte da estrutura de aço, construída em 1977, caísse no rio Patapsco.
O barco emitiu um chamado de emergência que permitiu interromper o trânsito na ponte e salvar vidas, declarou mais cedo o governador do estado de Maryland, Wes Moore. “Essas pessoas são heróis”, acrescentou.
Moore declarou o estado de emergência devido a acidente.
‘Deus, que estejam vivos’
O operário José Campos falou de seus colegas desaparecidos, trabalhadores como ele da empresa Brawner Builders Inc.
“Muito triste, primeiramente Deus, que estejam vivos ainda. Não sei como explicar porque sinto um aperto no coração com o que está acontecendo”, declarou em espanhol a um fotógrafo da AFP.
“É uma tragédia terrível e imprevista”, disse, por sua vez, Jeffrey Pritzker, da Brawner Builders. “Nenhum de nós podia imaginar que isto pudesse ocorrer. Estamos todos comovidos e angustiados”.
O presidente Joe Biden classificou o ocorrido de “terrível acidente” e prometeu reconstruir a infraestrutura o quanto antes, mas isto “levará um tempo”.
“Estou dando instruções para minha equipe para que mova montanhas para reabrir o porto e reconstruir a ponte o mais rápido possível”, disse Biden em um breve discurso na Casa Branca.
Uma pessoa foi levada ao hospital em “estado muito grave”, disse o chefe dos bombeiros de Baltimore, James Wallace, e outra saiu ilesa.
Os serviços de emergência que vasculharam o local encontraram indícios da presença de vários veículos submersos na água, informou Wallace, sem especificar o número.
‘Som de trovão’
O tráfego marítimo foi suspenso “até segundo aviso”, mas “o porto segue aberto para a passagem de caminhões”, disse aos jornalistas o secretário de Transporte de Maryland, Paul Wiedefeld.
“Fomos acordados pelo que parecia ser um terremoto e um longo e vibrante som de trovão”, declarou um homem à imprensa local.
A ponte, de quatro pistas e 2,6 quilômetros de comprimento, atravessa o rio Patapsco, ao sudoeste de Baltimore, uma cidade industrial e portuária na costa atlântica dos Estados Unidos.
Por ela circulam mais de 11 milhões de veículos por ano, cerca de 31 mil por dia. Leva o nome de Francis Scott Key, autor da letra do hino americano.
O porto de Baltimore é o principal da costa leste dos Estados Unidos e o nono mais importante do país, tanto pela carga estrangeira que maneja quanto pelo valor da mesma. O terminal oferece emprego direto para mais de 15 mil pessoas.
O site de tráfego marítimo MarineTraffic diz que um navio porta-contêineres com bandeira da Singapura chamado “Dali” parou sob a ponte. Os registros mostram que o navio se dirigia de Baltimore para Colombo, no Sri Lanka.
A gigante dinamarquesa Maersk confirmou ter fretado o navio, operado pela companhia de navegação Synergy Group. “Estamos horrorizados com o ocorrido”, escreveu a Maersk em comunicado.
“Todos os membros da tripulação, incluindo os dois pilotos, foram localizados e não há relatos de quaisquer feridos”, afirmou o Synergy Marine Group em comunicado.
A investigação deverá determinar como a colisão de apenas um barco pôde destruir vários arcos da ponte metálica.
Apesar de o porta-contêineres de 300 metros de comprimento possuir uma poderosa força de inércia, “a magnitude dos danos na superestrutura da ponte parece desproporcional em relação à causa”, comentou o professor Toby Mottram, especialista da Universidade de Warwick, no Reino Unido.