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quarta-feira, 12/11/2025




Segurança psicológica nas empresas brasileiras é baixa, aponta relatório

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Em Brasília

Em maio deste ano, o governo federal tornou obrigatória a aplicação da norma NR-1, que exige das empresas brasileiras a identificação e o combate a riscos psicossociais, como assédio moral, excesso de trabalho e ambientes prejudiciais, fatores que afetam diretamente a saúde mental dos trabalhadores.

Apesar dessa medida, informações do Relatório Global da Fearless Organization indicam que o Brasil ainda enfrenta dificuldades para melhorar o ambiente de saúde mental nas empresas.

A pesquisa mostra que a segurança psicológica no Brasil tem uma média de 6,2 a 6,8 em uma escala de 0 a 10, abaixo da média global de cerca de 7,1.

As principais dificuldades apontadas por equipes brasileiras incluem o medo de retaliações ao expressar opiniões ou relatar problemas, relatado por cerca de 40-45% dos participantes, além da cultura hierárquica e a falta de confiança na comunicação com líderes.

Thatiana Emerich, executiva de Relações Humanas e fundadora da WeConsultRH, comenta que muitos trabalhadores ainda não se sentem à vontade para falar, questionar ou cometer erros sem medo de punição.

Ela acrescenta que níveis baixos de segurança psicológica estão ligados a altos índices de estresse, ansiedade e esgotamento, pois o medo constante diminui a energia e a confiança, prejudicando o bem-estar, o aprendizado, a inovação e o cuidado entre as pessoas no trabalho.

O que muda com a norma NR-1?

A norma NR-1 é uma regra geral de segurança e saúde ocupacional no Brasil que define diretrizes para o Gerenciamento de Riscos Ocupacionais e agora inclui a gestão dos riscos psicossociais.

A obrigatoriedade exige que as empresas identifiquem, avaliem e controlem todos os riscos do ambiente de trabalho, incluindo aspectos relacionados à saúde mental, como estresse, assédio moral, burnout e sobrecarga emocional, que devem ser diagnosticados e monitorados.

Thatiana Emerich destaca que a nova NR-1 amplia a responsabilidade das empresas para além dos colaboradores diretos, abrangendo igualmente os trabalhadores terceirizados.

As organizações precisam garantir condições seguras físicas, emocionais e psicossociais para todos que atuam no negócio, independentemente do vínculo empregatício.

A norma também exige que as empresas avaliem o clima psicológico das equipes, identifiquem fatores que promovem medo, estresse ou assédio e implementem medidas preventivas.

Essa mudança representa uma transição de um modelo reativo, focado em corrigir acidentes, para um modelo preventivo e cultural, centrado na segurança psicológica, bem-estar e na criação de ambientes baseados em confiança, abertura e aprendizado.

Perspectivas para o futuro

O relatório evidencia que empresas brasileiras com segurança psicológica alta, acima de 7,5, apresentam até 30% mais engajamento e 40% menos rotatividade em comparação às que possuem baixa segurança nesse aspecto.

Thatiana Emerich afirma que a cultura brasileira, sendo mais relacional e empática, oferece um ótimo fundamento para construir ambientes de apoio e de pertencimento. Quando essa empatia é combinada com segurança psicológica bem estruturada — que inclui clareza, responsabilidade e liberdade para se expressar —, criam-se equipes de alta performance.

Embora a aplicação das diretrizes da NR-1 tenha começado em caráter educativo em 2025, a obrigatoriedade total entra em vigor em 26 de maio de 2026, exigindo um plano contínuo de ação nas empresas.

As organizações podem iniciar por quatro áreas principais:

  • Diagnóstico: avaliar o nível atual de segurança psicológica e mapear os riscos psicossociais usando ferramentas confiáveis;
  • Sensibilização e capacitação: promover treinamentos e diálogos sobre segurança psicológica, liderança empática e prevenção de riscos emocionais;
  • Ação estruturada e preventiva: criar canais seguros e confidenciais para denúncias, políticas eficazes contra assédio e discriminação, além de revisar carga e jornada de trabalho para evitar esgotamento;
  • Monitoramento contínuo: reavaliar periodicamente o clima psicológico, acompanhar indicadores e ajustar práticas baseando-se em dados e feedbacks reais.

Thatiana Emerich conclui que esses passos fortalecem uma cultura de confiança, respeito e aprendizado, tornando a segurança psicológica essencial para a gestão organizacional e o cuidado coletivo, projetando um futuro com líderes mais conscientes, equipes mais seguras e ambientes de trabalho mais humanos.




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