Leandro Mota Pereira, conhecido como Pai Leandro de Oxossi, está foragido após ser acusado de estupro por pelo menos cinco mulheres e uma adolescente no Distrito Federal. Ele tem utilizado seus seguidores para intimidar as vítimas e pessoas próximas a elas.
As vítimas frequentavam o terreiro de umbanda dirigido por Leandro, em Sobradinho. O líder religioso simulava ‘incorporações’, alegando que atos sexuais eram comandos de entidades espirituais.
Mensagens obtidas pela coluna Na Mira revelam que os ‘filhos de santo’ enviam ameaças às vítimas. Em uma conversa, um seguidor pede um Pix para gasolina e alerta: ‘Cuidado, irmão, ingratidão pode fazer mal. Axé’.
Outra mensagem deseja punições espirituais às vítimas: ‘Que as falanges te quebrem. Quem vai te defender?’. Em resposta, um filho de santo relata que o acusado deixou rastros por onde passou, afirmando que ‘o circo está armado’.
Uma das denunciantes chegou a receber uma foto de inseticida com a ameaça: ‘Muda o depoimento’. Ameaças também atingem familiares, com um seguidor afirmando que estão prejudicando ‘uma pessoa de bem’.
Apoio e Crimes
Duas das vítimas afirmam que Pai Leandro conta com o respaldo de seguidores. Segundo o delegado-chefe Hudson Maldonado, um grupo de aproximadamente 20 pessoas tem facilitado a fuga do religioso e intimidado as vítimas.
Segundo o delegado, dar fuga a foragido é crime passível de até seis meses de prisão. Ameaças durante processos são coação, com pena de até seis anos. Caso a união dos seguidores seja comprovada para esses atos, poderão responder por associação criminosa.
Denúncias e Prisão
A Justiça decretou a prisão preventiva de Leandro Matos, solicitada pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF). Ele fugiu após denúncias de que mulheres e uma adolescente entre 17 e 30 anos foram estupradas entre maio e junho de 2024, em um ambiente de exploração espiritual.
O pai de santo criava um laço de confiança, convidando mulheres para passar fins de semana em sua propriedade rural, onde praticava os crimes.
Falsa Incorporação
Durante os abusos, Leandro alegava estar possuído pela entidade Zé Pelintra e afirmava que os atos faziam parte de um processo espiritual para ‘cura’ ou ‘libertação energética’.
As vítimas relatam manipulação emocional, isolamento e vulnerabilidade durante os rituais, impossibilitando pedidos de ajuda.
Uma vítima narrou que Leandro dizia que um orixá a havia escolhido, transformando seu corpo em canal de energia que precisava do sexo para expulsar maus espíritos.
Ela relatou que, ao começar a dormir no local, recebia bebidas pela manhã, mas acordava com dores e sangramentos. Em uma ocasião, uma adolescente sofreu abuso durante a madrugada, sendo ameaçada para não denunciar, sob risco de malefícios a seu irmão.
Os estupros persistiram por semanas, com o uso de pretextos religiosos para justificar os crimes.