Vitor Ventura
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No último domingo (17), Brasília viveu uma tarde de muita música ao ar livre, com uma homenagem ao grande sambista Cartola. A programação iniciou ao meio-dia no Eixão Norte, com a atração principal sendo Dhi Ribeiro, uma das vozes mais marcantes do samba atual. Essa edição foi a primeira a ocorrer no Eixão, fazendo parte do Projeto Cartola, que relembra a obra desse mestre do samba e que já acontecia quinzenalmente no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) e no Clube do Choro de Brasília.
A tarde começou com o Regional Choro Livre, formado por Henrique Neto, Valério Xavier, Júnior Viegas, Jackson Delano e Márcio Marinho, que encantaram com o choro e clássicos da música brasileira, incluindo bossa nova e samba. Henrique, que é diretor musical do Projeto Cartola e da Escola Brasileira de Choro, destacou que o evento virou um novo ponto cultural ao ar livre em Brasília, reforçando o papel do Clube do Choro e do CCBB em aproximar o público da arte e da tradiçãomusical brasileira.
Dhi Ribeiro, reconhecida como uma grande intérprete do samba no Brasil, comentou sobre a importância de homenagear figuras importantes da música brasileira para que suas histórias não sejam esquecidas. Ela afirmou que o Clube do Choro realiza um belo trabalho para manter viva a cultura e que participar desse projeto é muito significativo para ela.
Dhi nasceu como Edilza Rosa Ribeiro em Nilópolis, Rio de Janeiro, cresceu em Salvador, onde desenvolveu sua conexão com as tradições afro-brasileiras, influenciada pelos tambores do Afoxé Filhos de Gandhi, fundado por seu avô. Iniciou sua carreira como backing vocal e após ganhar o prêmio Cantora Revelação no Carnaval de Salvador em 1993, mudou-se para Brasília, onde firmou sua carreira como uma das principais vozes do samba.
O legado de Cartola
Dhi Ribeiro destacou que Cartola cantava verdades universais, cuja música é atemporal. Ela ressaltou a necessidade de continuar promovendo a obra dos grandes artistas para que as novas gerações também possam apreciá-los. Muitas músicas antigas, com 40 ou 50 anos, são descobertas hoje por jovens, mostrando a força da obra de Cartola.
O Projeto Cartola tem como objetivo homenagear esse mestre do samba, um gênero que influenciou o choro e que é parte fundamental da música brasileira. Cartola foi poeta do cotidiano e cronista dos sentimentos humanos: amor, saudade, dor e esperança são temas presentes em suas composições. Sucessos como “O Mundo é um Moinho”, “As Rosas Não Falam” e “Preciso Me Encontrar” são verdadeiros clássicos que emocionam gerações e confirmam sua importância na história da música popular brasileira. Mais que músico, Cartola simboliza resistência, elegância e autenticidade, sendo fundamental para consolidar o samba como expressão genuína da cultura brasileira.
Dhi comentou que Cartola conseguia misturar estilos musicais criando algo único. Para ela, a combinação do samba com o choro é especialmente bonita. Henrique complementou destacando que a música de Cartola e o choro são muito ligados, pois os músicos que acompanhavam Cartola eram os mesmos de Pixinguinha e Jacob do Bandolim, trazendo o melhor da brasilidade musical.
Cultura viva na capital
Entre o público do Eixão, estava Alexandre Luna, natural de Pernambuco e morador de Brasília há 30 anos, que celebrou a liberdade de poder ouvir música brasileira ao ar livre e valorizou a diversidade cultural do país.
Henrique ressaltou que eventos como esse democratizam o acesso à cultura brasileira. O Clube do Choro tem promovido isso em Brasília há 30 anos, valorizando os grandes compositores nacionais. Para encerrar o Projeto Cartola, um último show será realizado no domingo (31) no Eixão Norte, perto do Plaza Shopping, com entrada gratuita, trazendo novamente o Regional do Choro e a cantora Teresa Lopes.