A Igreja Católica enfrentou em 2025 um período de transformação significativa. O papa Francisco, falecido em 21 de abril aos 88 anos devido a complicações de um AVC, deixou um legado de reformas e abertura pastoral. Em maio, durante um conclave de dois dias, o Colégio de Cardeais escolheu o norte-americano Robert Francis Prevost como seu sucessor.
Assumindo o nome de Leão XIV, Prevost tornou-se o primeiro papa dos Estados Unidos, assumindo a liderança da Igreja após 12 anos do pontificado de Francisco.
A morte do papa argentino encerrou um ciclo de forte visibilidade social da fé católica. Elevado ao pontificado em 2013 após a renúncia de Bento XVI, Francisco foi o primeiro papa sul-americano e jesuíta.
Seu trabalho trouxe a Igreja para discussões ambientais, para o diálogo político global e para o acolhimento de fiéis até então marginalizados, como a comunidade LGBTQIA+. Também promoveu o debate sobre maior presença feminina no Vaticano.
Após a morte do pontífice, o Vaticano passou por um período de luto e realizou um conclave ágil, apesar do aumento no número de cardeais eleitores — 133. A fumaça branca apareceu no segundo dia, após a quarta votação, com rapidez semelhante à dos conclaves de 1978 e 2005.
Quem é Leão XIV
Nascido em Chicago e com 69 anos, Robert Francis Prevost, agora papa Leão XIV, viveu grande parte de sua vida religiosa no Peru, onde trabalhou por mais de dez anos.
Conhecido pelo perfil reservado e pela sólida formação em direito canônico, destacou-se por liderar o Dicastério para os Bispos e a Comissão Pontifícia para a América Latina.
O nome Leão XIV presta homenagem a Leão XIII, que iniciou a doutrina social moderna da Igreja com a encíclica Rerum Novarum, tratando da dignidade no trabalho.
Reformas sociais
As expectativas quanto ao novo papa concentram-se na continuidade das reformas iniciadas por Francisco. Leão XIV declarou que manterá o acolhimento aos fiéis LGBTQIA+ e incentivará a ampliação da participação feminina em cargos de liderança. Contudo, ele afirmou que não busca mudanças doutrinárias em temas delicados.
“Todos são bem-vindos. Mas os ensinamentos da Igreja permanecerão os mesmos”, declarou em entrevista publicada no livro Leão XIV: Cidadão do mundo, missionário do século XXI.
Sobre a ordenação feminina, mantém postura conservadora e não pretende abrir debates sobre o assunto, uma das maiores reivindicações dentro do catolicismo.
Especialistas indicam que o papa optará por uma trajetória gradual, buscando diálogo sem aprofundar divisões internas geradas por discussões recentes.
Diplomacia com novo estilo
Mesmo sendo o primeiro papa norte-americano, Leão XIV evita se envolver diretamente nas polarizações políticas dos EUA. Demonstra preocupação com discursos de ódio e o tratamento dado a imigrantes, evitando referências explícitas a figuras políticas, diferentemente do que fazia Francisco.
Acompanha com prudência o conflito em Gaza, sem se posicionar sobre acusações de genocídio contra Israel.
Com vasta experiência missionária junto a comunidades pobres e migrantes, o papa promete que seu pontificado será pautado pela defesa da dignidade humana e pela busca da paz em tempos de conflito.
Abusos, finanças e desafios internos
Leão XIV mantém postura de tolerância zero para casos de abuso sexual, mas demonstra preocupação com eventuais falsas acusações contra membros do clero.
Assume o Vaticano enfrentando uma situação financeira delicada, embora reconheça que a recuperação já está em andamento.
Quanto à liderança da Igreja, continuará promovendo uma gestão mais participativa, porém de modo menos simbólico e intenso do que no pontificado anterior.

