Os brasileiros tiveram um alívio no preço dos alimentos em 2025, um resultado inesperado mesmo com o aumento da demanda típico do final do ano. Isso aconteceu graças à safra agrícola recorde no Brasil e em outros países, além da desvalorização do dólar em relação ao real. No entanto, especialistas acreditam que em 2026 essa situação não deve se repetir.
Embora a possibilidade de uma nova safra grande ajude a segurar os preços de alguns alimentos, a desvalorização do câmbio, especialmente em um ano eleitoral, pode dificultar esse alívio.
André Braz, coordenador dos Índices de Preços do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), explica que a moeda brasileira deve continuar desvalorizada, o que pode aumentar as exportações e reduzir a oferta interna, dificultando uma queda nos preços.
Durante os anos eleitorais, há maior incerteza sobre a política fiscal, o que tende a manter o real desvalorizado e evitar uma valorização cambial forte.
A economista Claudia Moreno, do C6 Bank, confirma que a queda do dólar em 2025 contribuiu para reduzir a inflação, mas prevê que em 2026 o câmbio deve se desvalorizar e pressionar os preços dos alimentos, com aumento de custos esperado em cerca de 7%.
De junho a dezembro de 2025, os preços de alimentos para consumo em casa caíram consecutivamente, com quedas expressivas em arroz, feijão, batata, frutas, leite, azeite e alho, segundo o IPCA-15 do IBGE.
Maria Andreia Parente Lameiras, técnica do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), destaca que o câmbio mais baixo não só beneficia os custos de insumos como fertilizantes e máquinas, mas também desestimula as exportações, levando ao aumento da oferta no mercado interno e contribuindo para a redução dos preços.
O Ipea revisou para baixo sua projeção de alta dos preços dos alimentos para 2025 e espera um aumento de 4,2% em 2026, principalmente puxado pelo aumento dos preços das carnes, devido ao abate de fêmeas para reprodução e a pressão sobre outras fontes de proteína animal.
Maria Andreia conclui que, apesar da safra favorável, dificilmente o câmbio ajudará a conter os preços em 2026, projetando uma estabilidade do dólar ao redor de R$ 5,35 a R$ 5,40.

