Minutos antes de se encontrar com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou nesta segunda-feira (18/8) que busca uma paz duradoura e estável para o conflito. Trump deixou aberta a possibilidade de os EUA participarem diretamente de uma possível força de manutenção da paz.
“Os europeus são a linha de frente porque estão na Europa. Mas vamos apoiá-los e nos envolveremos. Acredito que, se alcançarmos a paz, ela será eficaz, não tenho dúvidas”, afirmou Trump durante a reunião com Zelensky e líderes europeus na Casa Branca.
No entanto, a Rússia reiterou sua oposição à presença de tropas da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) na Ucrânia.
“Reafirmamos nossa posição firme contra qualquer cenário que envolva o envio de tropas da Otan para a Ucrânia, pois isso pode causar uma escalada descontrolada do conflito com consequências imprevisíveis”, declarou Maria Zakharova, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia.
Em fevereiro, o chanceler russo, Sergei Lavrov, já havia afirmado não considerar qualquer opção que incluísse forças de paz estrangeiras.
Contexto do encontro entre Zelensky e Trump
As negociações em Washington entre os presidentes dos EUA e da Ucrânia ocorrem após Trump receber o presidente russo, Vladimir Putin, na última sexta-feira (15/8), no Alasca. O encontro terminou sem anúncio de cessar-fogo, mas com o compromisso de manter o diálogo.
Além da reunião bilateral com Zelensky, Trump se encontrou com líderes europeus, como Emmanuel Macron (França), Giorgia Meloni (Itália), Friedrich Merz (Alemanha) e Keir Starmer (Reino Unido), além de representantes da União Europeia e da Otan.
O reencontro entre Trump e Zelensky ocorre seis meses após uma tensa reunião na Casa Branca, quando o líder ucraniano foi enfático ao afirmar que não venderia os recursos estratégicos da Ucrânia, que foram posteriormente acordados em abril.
Em fevereiro, quando Reino Unido e França propuseram enviar entre 5 a 10 mil soldados para uma força de segurança, Trump descartou o envio de tropas americanas, alinhado com sua campanha para evitar envolvimento dos EUA em novos conflitos.
Na semana anterior, o ex-presidente sinalizou apoio ao pedido de Putin para controlar toda a região do Donbass, mesmo nas áreas sem presença russa, caso isso ajudasse a acabar com o conflito.
Busca por uma paz duradoura
Até recentemente, Trump enfatizava a busca por um acordo de paz como prioridade e chegou a ameaçar sanções contra Moscou caso não houvesse avanço até o início do mês. No entanto, a Casa Branca mostrou sinais de mudança de postura.
“Não vejo necessidade de um cessar-fogo imediato. Podemos negociar um acordo enquanto os combates continuam. Eles precisam lutar. Preferiria que parassem, mas estrategicamente isso pode prejudicar um dos lados”, declarou o líder americano.
Essa abordagem ressoou em Moscou, que rejeita o cessar-fogo por acreditar que isso daria vantagem aos ucranianos para reforçar suas defesas e receber mais armas ocidentais. O aliado de Putin, Kirill Dmitriev, comentou nas redes sociais a preferência de Trump por uma paz duradoura, acompanhando a mensagem com o emoji de uma pomba branca.
Comunicação direta com Putin
Após a reunião com Zelensky, Trump anunciou que retomaria o contato telefônico com Putin, repetindo o gesto realizado após o encontro no Alasca. Ele também sugeriu a possibilidade de um encontro trilateral entre ele, Putin e Zelensky.
“Putin aguardará minha ligação após nossa reunião. Podemos ou não fechar um acordo entre os três. Se não conseguirmos, o conflito continuará, mas se conseguirmos, há uma boa chance de pôr fim à guerra”, afirmou Trump.