A Rússia declarou neste domingo (9/11) que poderá voltar a realizar testes nucleares caso os Estados Unidos façam o mesmo. Dmitry Peskov, porta-voz de Moscou, afirmou que o país não pretende infringir o acordo de proibição nuclear, mas se os EUA decidirem romper o tratado, a Rússia responderá na mesma medida.
“[O presidente russo Vladimir Putin] repetidamente afirmou que a Rússia permanece comprometida com os acordos que proíbem testes nucleares e não tem intenção de realizar tais testes. Porém, se outro país violar essas obrigações, a Rússia se sentirá na obrigação de agir para preservar o equilíbrio”, explicou Peskov em entrevista a um veículo local.
De acordo com o Kremlin, essa posição não implica que os testes cairão em prática imediatamente, mas indica que o país está se preparando para responder a qualquer provocação dos norte-americanos.
Essa declaração vem dias depois do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar planos para revisar a política americana sobre testes nucleares. Segundo ele, é necessário assegurar uma “paridade estratégica” com a Rússia e a China.
O discurso elevou a tensão entre as grandes potências, reacendendo preocupações sobre uma possível nova corrida armamentista. Desde 1992, os EUA mantêm uma moratória informal que proíbe testes nucleares, e a Rússia segue uma prática similar desde 1990.
Após as palavras de Trump, o governo russo exigiu esclarecimentos sobre o significado da referência a novos testes nucleares.
Peskov afirmou que Moscou não descarta a realização de seus próprios testes e que está avaliando cuidadosamente os próximos passos em resposta ao posicionamento dos EUA.
Além disso, ele negou que os recentes testes com o míssil Burevestnik e o torpedo Poseidon, ambos capazes de transportar ogivas nucleares, constituam experimentos nucleares propriamente ditos, considerando tais especulações “superficiais e incorretas”.
Trump, por sua vez, apontou esses testes como uma das razões para a revisão da política norte-americana sobre explosões nucleares.
Esse contexto de possível retomada dos testes acontece em meio ao conflito da Rússia contra a Ucrânia e à crescente tensão entre Moscou e os países ocidentais.
Organizações internacionais manifestam preocupação que uma nova corrida de armamentos possa desestabilizar ainda mais o cenário político global e dificultar a obtenção de acordos de paz sólidos e duradouros.
