A Rússia reafirmou nesta segunda-feira (22/12) seu “total apoio” à Venezuela diante do bloqueio imposto pelo governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao trânsito de navios petroleiros que chegam ou deixam o país sul-americano. A manifestação ocorre em meio a uma série de interceptações e apreensões de embarcações na costa venezuelana nos últimos dias.
Segundo o chanceler da Venezuela, Yvan Gil, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, expressou “firme solidariedade com o povo venezuelano e com o presidente Nicolás Maduro Moros” durante uma conversa telefônica entre os dois. Lavrov também teria garantido que Moscou oferecerá “todo o respaldo” às ações da Venezuela no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).
Na última semana, a chancelaria russa já havia alertado que o aumento das tensões entre Estados Unidos e Venezuela poderia gerar “consequências imprevisíveis” para o Ocidente.
Apesar disso, a Casa Branca afirmou que a Rússia não teria condições reais de ajudar o governo Maduro, em razão do envolvimento militar do Kremlin na guerra da Ucrânia.
Novas interceptações
No domingo (21/12), agências internacionais noticiaram que os Estados Unidos interceptaram um terceiro navio petroleiro próximo à costa da Venezuela.
Se confirmada, esta será a terceira interceptação de um petroleiro ligado à Venezuela em pouco mais de dez dias.
No sábado (20/12), os EUA apreenderam o navio Centuries e, em 10 de dezembro, o petroleiro Skipper. As ações fazem parte da estratégia anunciada por Trump de impor um “bloqueio total” a embarcações sujeitas a sanções que entrem ou saiam de portos venezuelanos.
Nicolás Maduro reagiu afirmando que a Venezuela enfrenta uma “campanha de agressão de terrorismo psicológico e corsários que assaltaram petroleiros”.
O chavista disse ainda que o país está preparado para “acelerar a marcha da Revolução profunda”.
Petróleo no centro do conflito
A Venezuela detém a maior reserva oficial de petróleo do planeta, com aproximadamente 303 bilhões de barris, segundo dados da Energy Information Administration (EIA), dos Estados Unidos. Embora tenha grande potencial, a maior parte do petróleo é extra-pesado, exigindo elevados investimentos e tecnologia avançada — recursos limitados pelas sanções internacionais e pela condição precária da infraestrutura local.
De acordo com a EIA, o petróleo pesado venezuelano é especialmente indicado para as refinarias dos Estados Unidos na Costa do Golfo, fato que ajuda a esclarecer o interesse estratégico norte-americano na região.

