O governo da Rússia acusou os Estados Unidos (EUA) de realizar práticas de “pirataria” e “banditismo” ao impor um bloqueio marítimo contra a Venezuela no Mar do Caribe. A declaração foi feita nesta quinta-feira (25/12) pelo Ministério das Relações Exteriores russo.
“Hoje, vemos uma anarquia total no Mar do Caribe, onde o roubo de propriedade alheia, ou seja, pirataria e banditismo, práticas que estavam esquecidas há muito tempo, estão sendo revividas”, destacou a porta-voz Maria Zakharova.
O debate no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) foi solicitado pela Venezuela após o anúncio do bloqueio naval determinado pelo então presidente Donald Trump, acompanhado de ameaças de uso da força militar.
O subsecretário-geral da ONU, Khaled Khiari, alertou para o aumento das operações militares americanas na costa da Venezuela, que representam o maior destacamento dos EUA no Caribe em décadas.
Washington afirma que a operação visa combater o narcotráfico, acusações negadas pelo governo venezuelano, que acredita que a ofensiva tem o objetivo de pressionar por uma mudança de governo e garantir o acesso às maiores reservas de petróleo do mundo.
Nos últimos dias, os Estados Unidos interceptaram ao menos três navios petroleiros vinculados à Venezuela, como parte de uma estratégia para aplicar um “bloqueio total” às embarcações sob sanções.
Trump confirmou que manterá o controle sobre 1,9 milhão de barris de petróleo apreendidos em um navio-tanque próximo à costa venezuelana.
Maria Zakharova expressou a esperança de que a racionalidade do presidente dos Estados Unidos permita soluções mutuamente aceitáveis, respeitando as normas do direito internacional.
Além de criticar Washington, o governo russo reiterou seu apoio ao presidente venezuelano Nicolás Maduro, enfatizando a importância da soberania, estabilidade e segurança para o desenvolvimento da Venezuela.
Petróleo no centro do confronto
A Venezuela possui as maiores reservas comprovadas de petróleo do planeta, estimadas em cerca de 303 bilhões de barris, conforme dados da Energy Information Administration (EIA) dos EUA. Contudo, grande parte dessas reservas é de petróleo extra-pesado, que demanda investimentos elevados e tecnologia avançada, dificultados pelas sanções internacionais e pela infraestrutura limitada do país.
De acordo com a EIA, o petróleo pesado venezuelano é particularmente adequado para as refinarias localizadas na Costa do Golfo dos Estados Unidos, o que justifica o interesse estratégico norte-americano nessa região.

