Com imagens coletadas localmente, por aviões e radares LIDAR, o projeto Favelas 4D, do MIT, possibilita um registro geográfico da Rocinha que não existe em nenhum outro serviço de mapas
Os grandes centros urbanos do Brasil dispõe de infraestrutura digital que os coloca de forma quase completa em serviços de mapeamento como Google Maps, Autocad e Mapas 3D, da Microsoft. Mas a margem desses locais, principalmente em comunidades menos abastadas, nem sempre há o mesmo nível de tecnologia disponível.
O Massachusetts Institute of Technology (MIT), em colaboração com a BRTech 3D, estão tentando mudar essa realidade, ao menos no caso da favela da Rocinha, a maior favela do Brasil, com cerca de 100 mil habitantes em 838 mil metros quadrados e quase 26 mil moradias.
Com tecnologia de digitalização a laser 3D, as instituições estão conduzindo uma análise morfológica e virtual da Rocinha, que deve levar a região de forma completa para um banco de dados chamado Favelas 4D.
O escaneamento faz o registro de dimensões, distâncias e elevações das ruas e construções, em um processo que aglomera coleta aérea, por aviões, e captação feita nas ruas por técnicos.
Na sequência, dispositivos de escaneamento a laser chamados Lidar (Light Detection and Ranging), produzem os dados do mapeamento, revelando padrões e a lógica da informalidade.
A Rocinha, localizada na Zona Sul do Rio de Janeiro, entre dois dos bairros com IPTUs mais altos da cidade, Gávea e São Conrado, é um divisor da desigualdade.
Na região, a densidade populacional da comunidade é de 48.258 habitantes por quilômetro quadrado, nove vezes mais do que em Madri, por exemplo.
Tais condições somam uma disposição urbana caótica, típica de favelas, mas que dificultam o acesso de ferramentas tradicionais de mapeamento, como imagens de satélite e o Google Street View, fazendo com que nem sempre a paisagem urbana possa ser bem mapeada e interpretada.
Capturando com precisão a forma e a organização do assentamento informal, o Favelas 4D deve facilitar o levantamento de necessidades e problemas de infraestrutura da Rocinha, como saneamento e segurança, possibilitando a sua mitigação com política públicas adequadas.