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sexta-feira, 14/11/2025




Rins de porco podem funcionar em humanos, avanço da ciência

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Médicos da Universidade de Nova York anunciaram dois estudos recentes que mostram um grande progresso para que transplantes de rim entre espécies possam ser uma opção real em breve.

Há anos, cientistas procuram uma solução para a falta de rins disponíveis para transplante, já que a quantidade de doadores humanos não atende a demanda.

Nos Estados Unidos, mais de 90 mil pessoas esperam um transplante de rim, e cerca de 11 morrem todos os dias, segundo uma organização que gerencia doação de órgãos. Com o envelhecimento e condições como diabetes e obesidade, essa necessidade só aumenta.

A diálise ajuda pacientes com insuficiência renal, mas é agressiva para o corpo e normalmente só sustenta uma pessoa por cerca de cinco anos.

Por isso, pesquisadores voltaram sua atenção para transplantes entre espécies diferentes, chamados de xenotransplantes.

Um dos maiores desafios é evitar que o sistema imunológico rejeite o órgão transplantado. Novos estudos publicados na revista Nature explicam melhor como prevenir essa rejeição ao usar rins de porco e mostram avanços importantes no entendimento do funcionamento do sistema imunológico nesse contexto.

Desafios da rejeição

O sistema imunológico protege o corpo contra invasores, mas às vezes reage exageradamente, não distinguindo entre algo perigoso e um órgão doado. Essa reação faz com que anticorpos ataquem o órgão transplantado, podendo causar a falha do transplante.

Mesmo entre humanos, quem recebe um órgão precisa usar medicamentos que reduzem a defesa do corpo para evitar a rejeição. Quando o órgão vem de porco, ele é modificado geneticamente para ser mais compatível com o corpo humano.

Os estudos examinaram com detalhes como o corpo rejeita o rim de porco.

Médicos da NYU transplantaram um rim geneticamente alterado de porco em Maurice Miller, um homem de 57 anos com morte cerebral. O corpo dele foi mantido vivo na UTI por dois meses para que os médicos pudessem estudar as reações do corpo em tempo real.

Durante esse período, o corpo tentou rejeitar o rim em duas ocasiões, mas os médicos conseguiram controlar a rejeição com medicamentos conhecidos, e o órgão continuou funcionando. O experimento foi finalizado no dia 61.

Essa fase da pesquisa ajuda a definir quais medicamentos imunossupressores são mais eficazes para transplantes de órgãos de porco em humanos.

Robert Montgomery, chefe do Instituto de Transplantes da Universidade de Nova York Langone, disse que o rim mostrou-se capaz de realizar quase todas as funções de um rim humano e que, para outras funções, existem soluções médicas eficazes. Ele destacou que esse avanço é um passo importante para tornar seguro o transplante de órgãos de porco para humanos.

Mapeando a reação imunológica

Durante os episódios de rejeição, os médicos criaram um mapa detalhado da reação do sistema imunológico e identificaram as vias usadas para atacar o órgão, analisando milhares de genes e células envolvidas no processo.

Assim, foi possível entender melhor como as respostas do corpo diferem entre órgãos humanos e de porco.

Os pesquisadores também encontraram marcadores no sangue que poderão ajudar a identificar a rejeição precoce e evitar danos ao órgão.

Embora os resultados sejam muito promissores, eles precisam ser confirmados em outros pacientes. A equipe recebeu recursos para estudar o efeito dos medicamentos imunossupressores em 20 pessoas.

Progresso constante

Nos últimos anos, houve grandes avanços no transplante de rins de porco. Um caso de destaque foi o de Tim Andrews, que teve seu rim de porco funcionando por 271 dias e conseguiu realizar atividades normais, como longas caminhadas.

Especialistas destacam a importância desses estudos para desenvolver melhores tratamentos que mantenham o órgão funcionando e controlem a rejeição.

Minnie Sarwal, codiretora do Programa de Transplante de Rim e Pâncreas da Universidade da Califórnia em São Francisco, afirmou que os resultados mostram que os rins de porco podem funcionar bem na circulação humana e que os tratamentos atuais podem controlar a rejeição.

A pesquisadora acrescentou que o detalhamento da reação imunológica abre caminho para criar novas formas de imunossupressão personalizadas.

Robert Montgomery acredita que esses avanços trazem esperança para o xenotransplante como uma alternativa viável no futuro, reconhecendo que desafios podem surgir, mas todos têm solução.




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