15.5 C
Brasília
quinta-feira, 31/07/2025

Réus influenciam perguntas em depoimentos no STF

Brasília
céu limpo
15.5 ° C
15.5 °
15.5 °
59 %
0.5kmh
0 %
qui
27 °
sex
27 °
sáb
27 °
dom
26 °
seg
19 °

Em Brasília

Os réus do segundo grupo da ação penal que investiga uma suposta tentativa de golpe para manter o ex-presidente Jair Bolsonaro no cargo participaram ativamente durante as oitivas das testemunhas apresentadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR), em sessão virtual realizada no Supremo Tribunal Federal (STF) na manhã desta segunda-feira (14/7).

As duas testemunhas foram indicadas pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet. O ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques, e a ex-diretora de Inteligência do Ministério da Justiça, Marília Ferreira de Alencar, atuaram como um complemento às suas defesas, sugerindo perguntas e aspectos importantes para as testemunhas serem questionadas.

Enquanto os advogados realizavam perguntas a Clebson Ferreira de Paula Vieira e Adiel Pereira Alcântara, Silvinei e Marília os orientavam durante as videoconferências, com suas instruções sendo perceptíveis para quem assistia à sessão na Primeira Turma.

Clebson e Adiel foram convocados pela acusação por colaborarem nas investigações relacionadas às blitzes da PRF nas eleições de 2022 — o principal ponto da denúncia contra os membros do grupo, que supostamente teriam atrapalhado a movimentação dos eleitores do Luiz Inácio Lula da Silva.

Um episódio que destacou a interferência dos réus ocorreu quando Adiel, ex-coordenador de inteligência da PRF, declarou que as ordens sobre a fiscalização dos ônibus e vans vindos de Goiás, São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro com destino ao Nordeste vinham de Silvinei. Após essa afirmação feita pelo ex-diretor de inteligência Djairlon Henrique Moura, Silvinei pediu a seu advogado que questionasse esta informação, a qual julgava incorreta. Mesmo assim, Adiel confirmou sua versão, alinhada ao que já havia declarado anteriormente: que as ordens indicavam uma fiscalização direcionada. Durante as respostas, Silvinei demonstrava desacordo com gestos negativos.

Marília também orientou sua defesa neste processo. Em um momento marcado por tensão, a testemunha Clebson respondeu com irritação, dizendo “não sou burro”, após a defesa repetir insistentemente a mesma pergunta.

Ele relatou que, por solicitação de Marília, identificou os municípios onde Luiz Inácio Lula da Silva alcançou mais de 75% dos votos e preparou um relatório usando o Microsoft Power BI, que também foi impresso para ela. Clebson disse ter ficado contrariado ao ver que seu relatório foi utilizado de maneira distorcida por sua chefe.

Ao mencionar isso, a defesa de Marília, a pedido dela, interrompeu para esclarecer de onde Clebson tirou a conclusão de que o relatório teria sido usado para fins ilegais, gerando um confronto entre a testemunha e os advogados de defesa.

Além de Marília e Silvinei, outros réus do segundo grupo acompanharam a sessão, como o ex-assessor Marcelo Câmara — que acompanhou sozinho e diretamente do Complexo Penitenciário da Papuda — e Fernando de Sousa Oliveira, ex-substituto do secretário Anderson Torres na Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, que esteve presente com seu advogado, mas sem interferir nas perguntas.

Veja Também