O famoso apresentador Faustão passou por um transplante de fígado e depois precisou fazer um retransplante de rim devido a problemas de saúde recentes, segundo informações do Hospital Israelita Albert Einstein, onde ele está internado desde maio.
Mas o que significa um retransplante? E quais cuidados e riscos envolvem esse procedimento?
Um retransplante ocorre quando um órgão que já foi transplantado para o paciente deixa de funcionar corretamente e precisa ser substituído. No caso do rim, isso quer dizer que o primeiro órgão doado não está filtrando o sangue como deveria.
Segundo Luís Edmundo da Fonseca, especialista em fígado do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, o rim pode parar de funcionar bem por vários motivos, como rejeição do órgão transplantado, efeitos colaterais dos medicamentos para impedir a rejeição, ou retorno da doença que causou a necessidade do primeiro transplante.
“Isso pode acontecer logo depois da cirurgia ou mais para frente, geralmente porque a doença original voltou. O rim é mais sensível a esses remédios do que o fígado, por exemplo, e eles podem afetar a função do rim,” explica o médico.
Faustão recebeu um transplante de coração em agosto de 2023 e um novo rim em fevereiro de 2024. Embora as cirurgias tenham corrido bem, o corpo dele começou a rejeitar o novo rim pouco tempo depois, obrigando-o a fazer hemodiálise semanalmente.
Além disso, infecções graves podem prejudicar os rins. Fonseca lembra que uma infecção grave chamada sepse pode causar danos temporários ou permanentes aos rins, mesmo em quem nunca fez transplante. Faustão foi internado no dia 21 de maio justamente por causa de uma infecção bacteriana com sepse.
“O rim é um dos órgãos que mais sofre durante uma sepse. Ele pode apresentar falência temporária ou definitiva,” diz o especialista.
Quanto tempo dura um rim transplantado?
Se tudo correr bem e não houver rejeição ou problemas, um rim transplantado pode durar muitos anos, dependendo da idade do doador e do paciente que recebeu o órgão.
“O rim envelhece com o tempo, diferente do fígado, que é mais resistente. Por isso, ao doar um rim de um idoso, por exemplo, o tempo que ele vai funcionar pode ser menor,” destaca Fonseca.
Os cuidados depois de um retransplante são semelhantes aos da primeira cirurgia, com atenção especial para evitar a rejeição. A chance de sucesso é um pouco menor no segundo transplante, mas ainda é melhor do que continuar fazendo diálise.
Quando é preciso fazer transplante de fígado
Fonseca explica que às vezes o paciente precisa receber fígado e rim ao mesmo tempo. No caso do Faustão, ele recebeu o fígado em 6 de maio e o retransplante do rim no dia seguinte.
As causas mais comuns para precisar de um transplante de fígado incluem hepatite crônica B e C, consumo abusivo de álcool e gordura no fígado relacionada à obesidade, que tem aumentado bastante. Casos graves por medicamentos também podem levar ao transplante.
Pacientes com doenças crônicas que afetam os rins e fígado, como diabetes, podem precisar de transplante simultâneo de ambos os órgãos.
Esta é uma explicação simples de um tema complexo, mostrando quando e por que um retransplante é necessário e quais riscos estão envolvidos.
Fonte: Estadão Conteúdo