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sábado, 23/11/2024
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Remédio proibido nos anos 80 vira ‘droga dos jihadistas’ na Síria

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Ela é conhecida como a “droga dos jihadistas” na Síria. Tida como fonte de coragem e artifício para superar medo e dor, a droga captagon tem sido amplamente usada por combatentes que lutam na guerra civil do país.

A droga, bastante popular no Oriente Médio, é fabricada em grandes quantidades na Síria e no Líbano. Segundo especialistas, sua produção tem ajudado a alimentar o conflito sírio, gerando milhões de dólares em lucro para fabricantes no país.

As pílulas contêm anfetamina e cafeína e se tornaram uma das favoritas entre combatentes. “(Ela) proporciona aos soldados uma energia sobre-humana e coragem”, disse um ex-combatente sírio à BBC.

O captagon era a marca comercial do cloridrato de fenetilina. Sua produção teve início em 1963 para tratar narcolepsia (sonolência) e depressão. Mas a substância foi proibida na década de 1980 por ser altamente viciante.

Essa dependência também pôde ser observada na Síria.”Alguns ficaram viciados, esse é o problema”, disse um outro ex-combatente, que fazia parte de um grupo de cerca de 350 pessoas que receberam os comprimidos sem saber exatamente do que se trava.

Seu uso alivia dor, cansaço, sono e fome, e prolonga o estado de atenção. “Me sentia o dono do mundo, como se tivesse um poder que ninguém tem”, disse um consumidor à BBC no documentário A Droga da Guerra da Síria, transmitido em setembro.

Outro disse: “Eu não sentia mais medo depois de tomar o captagon”.

Além da dependência, os efeitos colaterais podem incluir um estímulo excessivo do sistema nervoso central e psicose, segundo especialistas.

Droga que financia combate
O Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) já apontava em 2010 que a “frequência e o tamanho” das apreensões de captagon estavam “aumentando”, e que elas ocorriam, cada vez mais, no Oriente Médio.

Fatos recentes contribuem com esse diagnóstico. Na sexta-feira, autoridades turcas apreenderam 10,9 milhões de unidades da droga perto da fronteira com a Síria, um recorde, segundo o Ministério do Interior do país, citado pela imprensa local.

Em outubro, duas toneladas de pílulas foram apreendidas no aeroporto de Beirute, Líbano. A droga estava dentro de malas que eram colocadas em um avião particular. Dez pessoas estão sendo processadas, inclusive um príncipe saudita, que não foi identificado.

A Síria foi, por muito tempo, rota de trânsito das drogas procedentes de Europa, Turquia e Líbano rumo a países ricos do Golfo Pérsico, disse o UNODC. Agora, o país testemunha o crescimento da popularidade do captagon em seu próprio território.

“Desde os extremistas do grupo autodenominado Estado Islâmico até membros do grupo rebelde Al-Nusra e também soldados do Exército Livre da Síria (usam a droga)”, disse um traficante em reportagem do canal de TV franco-alemão Arte, em maio de 2015.

“Os combatentes a utilizam para controlar seus nervos e também aumentar seu rendimento sexual”, contou, com o rosto coberto.

Rawdan Mortada, jornalista libanês que cobre a guerra na Síria, disse que o consumo do captagon se tornou popular com o início do conflito, em 2011, e que a droga serve, também, como financiamento das operações militares.

“As milícias na Síria consumem uma parte e exportam outra, especialmente aos países do Golfo. O lucro permite que elas financiem a compra de armas e operações militares”.

O consumo de drogas em conflitos, no entanto, não é novidade.

“O uso de anfetaminas tem uma grande tradição em contextos bélicos”, disse Claudio Vidal, integrante do Energy Control, da Associação de Bem Estar e Desenvolvimento, à BBC Mundo, o serviço em espanhol da BBC.

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