Faltando apenas dois dias para as eleições legislativas decisivas na Argentina, o presidente Javier Milei enfrenta um momento complicado tanto na política quanto na economia. Uma pesquisa recente do instituto AtlasIntel revelou que 55,7% dos argentinos desaprovam a administração do líder ultraliberal, enquanto 39,9% aprovam e 4,4% não souberam opinar.
Essa diferença de quase 15 pontos percentuais entre aprovação e rejeição é a maior já registrada pela série histórica do instituto, mostrando um declínio constante na popularidade de Milei desde o início de 2025.
O estudo também aponta que 51,8% dos entrevistados consideram o governo “ruim” ou “muito ruim”, frente a apenas 24,6% que avaliam como “bom” ou “excelente”.
Crise no governo Milei
A queda na aprovação coincide com uma série de crises políticas, denúncias de corrupção e insatisfação com as políticas de austeridade. Entre as maiores preocupações dos argentinos estão a corrupção (50,8%), o desemprego (33,2%) e a inflação (30,8%).
Nos últimos meses, escândalos envolvendo pessoas próximas ao presidente — incluindo sua irmã e principal assessora, Karina Milei — abalaram a confiança dos eleitores.
Apesar de prometer moralizar a política e reduzir o tamanho do Estado, o discurso contra a corrupção perdeu força diante das acusações e do aumento do custo de vida. A insatisfação econômica é evidente: 68% afirmam que o país está mal sob a gestão de Milei, 70% dizem que o mercado de trabalho piorou e 51% indicam que a situação financeira familiar está difícil.
Eleições legislativas
As eleições de domingo serão um teste importante para o governo. Estão em disputa metade das 254 cadeiras da Câmara dos Deputados (127 vagas) e um terço do Senado (24 vagas). Atualmente, o partido de Javier Milei possui apenas 37 deputados e seis senadores, o que dificulta a aprovação de reformas econômicas ambiciosas.
Apesar do apoio dos Estados Unidos e investidores internacionais, o governo enfrenta resistência política interna. A oposição acusa Milei de aumentar a desigualdade e enfraquecer políticas sociais.
Milei insiste que as medidas de ajuste são essenciais para “reconstruir a Argentina” e estabilizar a moeda. O Banco Central assinou um acordo de US$ 20 bilhões com o Tesouro dos EUA e negocia outra linha de crédito com bancos norte-americanos.
Porém, o resultado das eleições ainda é incerto. Pesquisas indicam uma disputa acirrada entre o partido de Milei e a coalizão peronista, principalmente na província de Buenos Aires. Uma vitória significativa fortaleceria a posição do governo, embora não garanta maioria no Congresso.
A pesquisa foi realizada entre os dias 15 e 19 de outubro pelo instituto AtlasIntel, com 6.526 eleitores argentinos. A margem de erro é de um ponto percentual para mais ou para menos.
